Vendas da área de mineração caíram 15% no trimestre

Por Rodrigo Conceição Santos – 29 de outubro de 2014

Resultado também foi negativo na venda de aço pela siderurgia do Grupo e inovação tecnológica é a aposta do novo presidente da Usiminas para melhorar a competitividade

Mineração UsiminasNo início do mês, reportagem do InfraROI sinalizava que a mineração e a siderurgia brasileira precisavam gerir melhor seus ativos para ampliar a competitividade. E a observação tinha fundamento, como confirmam as quedas de produção, venda e faturamento registradas pela Usiminas no terceiro trimestre.

Começando pela Mineração Usiminas, a venda no terceiro trimestre de 2014 foi de 1,2 milhão de toneladas. O resultado é 15% inferior ao registrado no segundo semestre e a companhia o atribui à fraca demanda do mercado interno e aos baixos preços praticados por competidores da Ásia no mercado mundial. A produção também caiu no período, totalizando 1,4 milhão de t (8% abaixo do volume do segundo trimestre).

A venda de aço foi igualmente ruim para a Usiminas no último trimestre. A empresa, que tem duas plantas de produção no Brasil – Ipatinga (MG) e Cubatão (SP) – vendeu 4% menos do que no semestre anterior, chegando a 1,4 milhão de toneladas. Separando as vendas para o mercado brasileiro e para outros países, o primeiro teve queda maior, de 14%, e a Usiminas atribui o resultado negativo principalmente à desaceleração de vários setores industriais do país.

Com as quedas relatadas nos negócios da Usiminas no trimestre, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 24 milhões, mas lucrou R$ 129 milhões.

Segundo Rômel Erwin de Souza, que assumiu a presidência da Companhia no final do 3T14 (25/09), as principais cadeias consumidoras de aços planos acumularam perdas ao longo do período. “A consequência desse cenário é um aperto das nossas margens. Naturalmente, este foi um ano atípico, com eleições e Copa do Mundo. Mas sou da opinião de que temos muito o que trabalhar internamente para melhorar a nossa competitividade. E isso significa olhar de forma responsável para os nossos custos operacionais, com uma visão industrial mais rigorosa, de modo que quando a demanda melhorar estejamos mais fortalecidos e preparados”, diz.

Competitividade
A Reportagem do InfraROI, publicada no início de setembro, relatava que há uma capacidade nominal excedente de 524 milhões de toneladas de aço no mercado mundial anualmente. Considerando os 779 milhões t/a produzidos pela China e o crescimento da produção na Índia e em outros países asiáticos e africanos, presumia-se que o cenário é pouco favorável para a siderurgia brasileira. Afinal, o país é o segundo maior produtor de minério de ferro, mas em termos de siderurgia, forneceu apenas 34 milhões de toneladas de aço no ano passado (menos de um vigésimo do volume da China).

Esse é o universo mapeado pela Usiminas, responsável por 7,1 milhões de toneladas do aço produzidas no Brasil em 2013 (um quinto do total). A visão é compartilhada por Fernando Gabriel, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e pesquisador do Departamento de Pesquisa e Educação Continuada da Fundação Georceix, ligada à Ufop. Ele valida que o Brasil pode deixar de ser competitivo se não fizer mudanças rápidas e positivas na gestão de ativos e de pessoal na mineração e siderurgia (leia na íntegra gratuitamente).