Vizinhos latinos contrabalançam resultado da Volvo brasileira

Da redação – 17.02.2016 – 

Mercado de caminhões pesados no Brasil cai 60,6% no ano passado, mas a empresa mantém liderança em market share, respondendo por 29,6% das vendas. No segmento de ônibus, as vendas passaram de 1.706 veículos, em 2014, para 864 em 2015.

A Volvo Latin America divulgou oficialmente seus resultados do ano passado, incluindo os segmentos de caminhões, ônibus, a divisão Penta de motores e a operação da VFS, de serviços financeiros (incluindo banco, consórcio e seguros). Os números de Brasil podem ser vistos de várias formas: pela teoria do copo cheio, há avanços, caso do aumento de participação de mercado de ônibus urbanos, que passou de 24,6% para 27,7%, ou mesmo a confirmação de que a estratégia de longo prazo, uma vez que a empresa manteve seu market share e liderança em nichos como os de caminhões pesados, inclusive validando a família FH, lançada em 2014. Ou ainda pelo incremento de 11% nas vendas de ônibus no Peru e as exportações de chassis de ônibus (51% do total comercializado). Mas se a avaliação for negativa, paradoxalmente, os resultados podem extravasar o espaço do copo.

A queda mais forte acontece no mercado de caminhões pesados, com uma redução de 60,6% nas vendas em relação a 2014. A expectativa da empresa, segundo Bernardo Fedalto, diretor dessa área na unidade brasileira, é de que se feche o ano com os mesmos resultados de 2015. Mas a fabricante trabalha também com a hipótese de uma deterioração maior, ou seja, uma redução entre 15% e 20%. A empresa mantém-se, apesar disso, na liderança de vendas, com quase um terço no caso de pesados e 12,3% no nicho de semipesados. Ainda nessa área, o foco é reforçar o pós-venda como ferramenta para contrabalançar os resultados negativos. E a empresa inova, com o financiamento na compra de peças e serviços, viabilizado pela Volvo Financial Services (VFS), com pré-aprovação de crédito.

Ainda na área financeira, outra ação tática é apostar no consórcio, iniciativa que cresceu em 2015 e que deve continuar a representar uma alternativa às outras formas de financiamento. No ano passado, a Volvo acrescentou 2.843 novas cotas, totalizando pouco mais de R$ 1 bilhão em negócios (contra os R$ 799 milhões fechados em 2014). A montadora também anuncia a volta do leasing operacional. Ao lado da abertura da carteira (e o banco Volvo responde pela maior parte dos financiamentos), a fabricante continua apostando nos serviços de manutenção planejada, que já tem 21 mil contratos ativos, e na tecnologia, caso do sistema Dynafleet, de gestão e monitoramento remoto de caminhões, com uso de telemática. Nesse último caso, a estratégia envolve a “degustação” do serviço e hoje já cobre uma frota inicial de 1 mil caminhões.

No segmento de ônibus – urbanos e pesados – a redução foi de 45% na América Latina. A empresa agora concentra-se em iniciativas de reforçar os mercados mais ativos como Peru e Chile, além da Colômbia. As capitais chilenas e colombianas, aliás, vão receber o teste de eletromobilidade, ou seja, ônibus elétricos, assim como São Paulo e Curitiba. Já a capital paulista – e sua prometida licitação para renovação da frota urbana – devem ficar para o ano que vem, o que pesou bastante nos resultados atuais. Em termos de BRT, apenas o Rio de Janeiro avançou, com uma compra estimada entre 100 e 150 novos ônibus urbanos de grande porte. Enquanto isso, um mercado potencial de 200 mil veículos com idade média de 30 anos rodando pelo Brasil vai ficar nas planilhas.

A iniciativa da divisão Penta de fabricar um motor de 13 litros no Brasil faz parte do copo cheio vendido pelo presidente interino da Volvo Latin America Carlos Morassutti. Com isso, a empresa deve atacar mais fortemente o segmento industrial (no de lazer, as águas são de almirante) e apostar no déficit de energia como impulsionador. Morassutti também destacou que mudanças recentes mundiais definiram que as operações passam a ser por marcas e não mais por regiões. O executivo ainda destaca que apesar dos resultados negativos de Brasil – e de certa forma da região latino-americana – a operação Latin America tem o suporte do grupo e apresenta indicadores importantes. O Brasil, por exemplo, continua sendo o segundo maior mercado de caminhões Volvo no grupo, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Com previsão de empatar 2015 ou de um número ainda mais negativo, a Volvo também já estuda soluções em relação à dispensa de mão de obra. A estabilidade alinhada com os sindicatos do setor vence em março próximo. E, embora a palavra demissão não tenha sido mencionada, os números por si só indicam que essa é uma realidade. É importante assinalar ainda que o quadro divulgado ontem não cobre a VCE, divisão de equipamentos para construção.