Volvo passa a produzir no Brasil motores industriais para grupos geradores

Por Nelson Valêncio (*) – 04.07.2016 – 

Dois modelos de 13 litros estão sendo produzidos em Curitiba. Segundo fabricante, 45% das peças são similares ao do motor do caminhão FH, já fabricado na unidade industrial.

609be352-b588-4dd9-9938-200d6edc5a65A Volvo Penta começou a fabricar localmente motores industriais para grupos geradores. Oficialmente, uma vez que a decisão já vinha sendo ventilada desde o ano passado. Agora, a divisão da multinacional sueca responsável pela fabricação desses equipamentos para aplicações industriais e marítimas, passa a oferecer dois modelos (TAD1344GE e TAD-1345GE), ambos de 13 litros. O foco da produção são os fabricantes de grupo geradores, disputados por cerca de cinco players, de acordo com Gabriel Barsalini, head da Volvo Penta South America. De acordo com ele, a Volvo Penta tem 6% de participação de mercado no segmento de motores industriais para geradores de 13 e 16 litros.

Apesar de a nacionalização favorecer o financiamento via BNDES, a precificação dos motores industriais da Volvo Penta não deve sofrer mudanças. Ron Huibers, presidente da Volvo Penta Americas, posiciona os equipamentos como premium e indica que eles mantém uma precificação em média 10% acima dos concorrentes. O valor, de acordo com a montadora, pode ser compensado por alguns indicadores, a começar pelo menor consumo de óleo diesel – 5% em média. A troca de óleo, por sua vez, acontece a cada 600 horas contra as 250 horas dos motores industriais similares já fabricados pelos concorrentes no Brasil.

Outro dado que pode influenciar no sucesso dos dispositivos é o fato de eles serem 76% menos poluentes. Contra esse último ponto está o fato de ainda não termos uma legislação que estipule o controle da emissão de gases poluentes em grupos geradores. E isso acontece para as três áreas foco de utilização: em aplicações de emergência, incluindo hospitais e data centers, no uso de horário de pico, quando a energia vendida pelas concessionárias é mais cara, e em caso de uso contínuo, como já é caso de algumas plantas de geração.

Na ponta do lápis os ganhos podem ser maiores, pois a conta de 5% de economia de diesel foi feita com base num grupo gerador que é acionado durante 750 horas/ano e que consome 46 litros de diesel/hora a um custo de R$ 2,90 (litro). Para João Zarpelão, diretor de motores industrias da Volvo Penta para a América do Sul, um gerador usado em regime contínuo em um condomínio de 20 a 30 casas (cada uma com 2 mil metros quadrados) pode ser pago em dois anos com a economia de diesel. Ou seja, o retorno de investimento no gerador é viabilizado em 24 meses somente com a diferença do combustível em relação a um grupo gerador que use os motores de concorrentes.

Para a inicialização da produção, a Volvo investiu R$ 10 milhões na linha que já produz, por exemplo, os motores usados nos caminhões da linha FH. Como cerca de 45% das peças usadas nos dois tipos de motores são comuns, as modificações da unidade envolveram a criação de etapas adicionais. Outro diferencial são os testes: os motores industriais para geradores são avaliados em sua totalidade e não por amostragem como acontece com os dispositivos para caminhões.

Operacionalmente, a Volvo Penta aposta na sua rede de serviços, a qual totalizaria hoje 120 pontos de 40 parceiros, um salto em relação aos 50 pontos de 35 parceiros de 2013. O número dobra, ou seja, chega a 240 quando se considera a malha dos fabricantes de grupo geradores clientes. O pós-venda também ganha importância pela venda de peças, que representa entre 15% e 20% do faturamento da Volvo Penta. Embora esteja focada na consolidação do segmento de grupos geradores, a divisão da multinacional sueca estuda outras aplicações, caso do uso dos motores industriais em mineradoras de areia. Nesse caso, somente dos motores em si, empregados em dragas.

(*) O editor executivo Nelson Valêncio viajou a Curitiba a convite da Volvo Penta.