Por Nelson Valêncio – 24.07.2015 –
Para os especialistas no setor de energia, o grupo italiano Cesi é um velho conhecido. A multinacional atua em algumas frentes, com destaque para consultoria em transmissão e distribuição e em laboratórios de testes e certificação para o segmento. No Brasil, a empresa considera que já tinha avançado nos serviços de consultoria para os players de transmissão. Agora, com a contratação de Mauro Carmello, ex-executivo da CPFL Energia, a empresa quer ampliar a presença como parceira das distribuidoras de energia. Para Carmello, a oportunidade é única: ele avalia que as companhias do segmento irão precisar de ajuda externa para enfrentar o desafio de instalação da medição inteligente e da geração distribuída, dois assuntos que fazem ou vão fazer parte da realidade do país.
Com a experiência no ramo, Carmello lembra que a decisão de ativar medidores inteligentes é rápida para as distribuidoras de energia que enfrentam um índice de perda alto com fraudes. Nesse caso, os números podem ser assustadores, entre 40% e 50% em algumas regiões, o que incentiva a instalação dos medidores e a redução do problema.
O mercado fala em companhias que teriam metas de cobrir até a metade de sua base de clientes com o chamado smart metering, pois o retorno do investimento compensa. Já as distribuidoras em mercados mais estabilizados, caso do interior de São Paulo, podem ter índices de fraude da ordem de 2%, o que torna mais difícil a substituição dos atuais medidores por equipamentos inteligentes. Ainda mais que o pacote completo para ativar o smart metering pode chegar a R$ 600 por consumidor residencial. “Aqui entra o nosso desafio de estruturar projetos que envolvam outros ganhos e otimizações para incentivar as distribuidoras a adotar o smart metering”, explica o especialista. Entre os desafios, segundo ele, está uma regulação mais clara, uma vez que tecnicamente a infraestrutura já tem definições precisas.
Geração distribuída, um outro capítulo do smart grid
No caso da geração distribuída, os desafios são técnicos e regulatórios. Hoje, de acordo com o executivo, o Brasil teria quase 500 pontos de geração distribuída. São geradores independentes, que produzem sua própria energia e a integram na rede brasileira.
Em 2024, ele argumenta que os especialistas falam em 700 mil pontos. Em resumo: muita gente vai produzir, jogar na rede e ser remunerado. Mas como as distribuidoras, que investiram em infraestrutura de rede, vão ser pagas pelos ativos instalados? Mais um dos desafios da carteira de Carmello.
O executivo aposta na experiência do Cesi, não só nessa área, mas em outros campos, incluindo a mobilidade elétrica, envolvendo os veículos movidos a bateria elétrica.
Com 28 anos no setor de distribuição de energia elétrica, Carmello é engenheiro eletricista formado pela Unesp e tem MBA em Gestão de Negócio com ênfase no setor elétrico pela FIA/USP. É formado também pela FGV, no CEAG – curso de Especialização em Administração para Graduados e, também, pela Fundação Escola de Comércio Álvares, no curso de especialização em análise de sistemas.