Manitou quebra “política da boa vizinhança” e começa a fabricar telehandlers no Brasil

Por Rodrigo Conceição Santos – 24.08.2106 – Ao produzir os manipuladores telescópicos no Brasil, com mais de 60% de peças locais, a fabricante habilita o primeiro modelo do tipo para ser adquirido via Finame, do BNDES, e pode ficar mais competitiva que seus concorrentes. A francesa Manitou apresentou a sua fábrica brasileira hoje, de onde […]

Por Redação

em 24 de Agosto de 2016
Da Direita: Michel Denis, François Piffard e Marcelo Bracco.

Por Rodrigo Conceição Santos – 24.08.2106 –

Ao produzir os manipuladores telescópicos no Brasil, com mais de 60% de peças locais, a fabricante habilita o primeiro modelo do tipo para ser adquirido via Finame, do BNDES, e pode ficar mais competitiva que seus concorrentes.

Da Direita: Michel Denis, François Piffard e Marcelo Bracco.

Da Direita: Michel Denis, Marcelo Bracco e François Piffard.

A francesa Manitou apresentou a sua fábrica brasileira hoje, de onde produzirá um modelo de manipulador telescópico (telehandler) em versões de 14 e 18 metros de altura máxima de elevação de carga. O equipamento, que tem a construção civil como maior usuário no país, principalmente os programas de construção de casas populares, como o Minha Casa, Minha Vida, vem para ser o introdutor da marca como fabricante aqui e na América Latina, missão cuja qual os executivos da empresa planejam resultar em liderança de mercado até 2020.

Michel Denis, CEO mundial da companhia, disse que é sempre difícil escolher com qual equipamento começar uma produção local, mas o manipulador telescópico foi escolhido porque a fabricante já tem um mercado desenvolvido para ele aqui, onde atua desde 2008. Isso, garante o executivo, torna a “evangelização” da marca menos difícil.

Questionado pelo InfraROI sobre os nichos possíveis para esse equipamento, ainda mais levando em consideração que as construções de casas populares pelo governo federal devem diminuir nos próximos anos, ele transpareceu o ensejo de avançar no setor agrícola.

Esse desejo é estimulado pelo mercado europeu, onde os manipuladores são majoritariamente consumidos na agricultura. Mas também pelo potencial agrícola do Brasil.

François Piffard, presidente mundial de vendas e marketing da Manitou, traz ainda o case de sucesso na Rússia como estímulo. Lá, segundo ele, em pouco mais de 10 anos a fabricante conseguiu transformar um mercado de praticamente zero manipuladores telescópicos para um de cerca de 1,2 mil vendidos só em 2015, e só para agricultura. “Perceba que a nossa estratégia de vendas no Brasil é diferente do que as que já fizemos em outros lugares do mundo. Geralmente, começamos com foco em um só mercado e para cá estamos focando em todos os nichos que atendemos: construção, agricultura e indústria (onde se incluem óleo e gás e mineração)”, diz.

Para mineração, há uma estratégia à parte para atender não só o Brasil, mas também toda a América Latina, que é a principal região mineradora do mundo, como classificou François.

O rol de produtos para atender a esses nichos, contudo, não se resume ao manipulador e seus implementos. Há também uma linha de minicarregadeiras, miniescavadeiras, plataformas elevatórias e empilhadeiras indoor e fora de estrada. “Aliás, o nosso DNA é a empilhadeira off road, que foi a primeira criação da empresa quando um trator agrícola teve os comandos hidráulicos modificados para atender ao mastro e garfo pallet na ponta do equipamento”, lembra François.

Dedo na ferida
A fábrica brasileira fica em Vinhedo (SP), tem 7 mil m² e comportaria a produção de mais um ou dois tipos de equipamentos, segundo Marcel Bracco, executivo responsável pela operação local da Manitou e que traz na bagagem experiências recentes no comando da também francesa Haulotte e da Socage. “Com esse espaço, podemos produzir até 500 equipamentos ao ano (hoje produz um ao mês) e a escolha pela próxima linha a ser introduzida aqui dependerá da demanda do mercado”, diz.

Ao fabricar manipulador telescópico no Brasil, com mais de 60% de peças locais (em valor), a Manitou habilitou o primeiro modelo do tipo para o Finame, do BNDES. Com isso, teoricamente, ela fica com melhor condição de venda que suas concorrentes, que importam esse tipo de equipamento. Para as próximas produções, se ocorrerem, ela novamente poderá quebrar a “política da boa vizinhança”, pois não há, igualmente, produção local de mini carregadeiras e plataformas elevatórias. A conferir.