Por Nelson Valêncio – 31.10.2016 –
Teste na capital pernambucana é o segundo no país, depois de Sorocaba e envolve primeiro veículo nacional que usa esses dois combustíveis. Avaliação acontece até 10 de novembro.
A iniciativa da montadora envolve o governo estadual, a Secretaria das Cidades, a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), além da concessionária Casa Scania Movesa. A Empresa Metropolitana, responsável pela operação, é outro integrante do grupo. Ao todo serão adotados nove ônibus para atender uma demanda diária de 5 mil usuários em 149 viagens. Antes da capital pernambucana, Sorocaba (SP) já havia testado o veículo em setembro.
Segundo o diretor de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil, Silvio Munhoz, o veículo testado é similar a um modelo sueco que já havia sido avaliado no Brasil entre 2014 e 2015 e que consome biometano, GNV ou uma mistura de ambos em qualquer proporção. O veículo testado atualmente é um modelo K 280 6×2, de 15 metros, com capacidade para até 130 passageiros. Equipado com motor de 280 cavalos de potência, ele recebe o trem de força importado da Suécia e seu motor já atende a geração mais avançada da legislação de emissões, a Euro 6 (no Brasil a lei atual exige conformidade com a Euro 5).
Em entrevista ao Infraroi no final de setembro, Munhoz destacou que a fabricante sueca tem equipamentos com vários tipos de combustíveis renováveis. No Brasil, o primeiro movimento aconteceu com adoção do etanol e há ainda cerca de 60 ônibus da marca rodando na cidade de São Paulo desde 2011. A alternativa hoje é considerada superada pelo custo do combustível.
Já os veículos movidos a biometano encontram um cenário positivo, pois combinam um combustível não fóssil, ambientalmente favorável e economicamente viável. O uso conjunto com gás natural veicular (GNV) amplia o potencial de mercado. As métricas dos testes realizados em 2015 indicam que os ônibus movidos a gás são, em média, 28% mais econômicos do que os veículos tradicionais a diesel.
Outro fator que pode incentivar a adoção do híbrido biometano-GNV é que 85% dos componentes dos ônibus tradicionais são comuns no novo veículo. Entre as diferenças está o uso de velas com tecnologia renovada, em substituição à injeção a diesel no modelo tradicional. Nesse caso, a vida útil deve ser de dois anos (contra uma expectativa comum de seis meses em tecnologias convencionais).
Em termos comerciais, Munhoz acredita que as concessionárias da área de gás poderiam assumir também a distribuição do biometano, viabilizando a dobradinha. O mesmo acontece com as usinas produtoras de biogás, material que precisa ser concentrado para uso como biometano. Segundo o executivo, 85% das empresas de transporte urbano das grandes capitais estão próximas à rede de distribuição de gás e os 15% restantes ficariam num raio máximo de 1 km.
Outro avanço acontece nos países vizinhos. Um exemplo recente é a renovação da frota da Transmilênio em Cartagena de Las Índias, na Colômbia, com a negociação de 160 ônibus. Em Lima, a iniciativa de planejamento deve endereçar o atual sistema caótico e criar corredores de ônibus, outro projeto importante na América Latina. Munhoz aponta oportunidades também no México e acredita que o próprio mercado brasileiro pode começar uma recuperação em 2017, ainda que pequena.