Da Redação – 22.02.2017 –
Reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, no centenário prédio da Estação da Luz, em São Paulo, adota tecnologias de prevenção a incêndios e de construção sustentável.
Após resistir a dois incêndios ao longo de sua história centenária, o edifício que abriga a Estação da Luz e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, finalmente adotará conceitos para evitar que esse tipo de sinistro volte a se repetir em suas instalações. A reconstrução da ala destinada ao museu, que foi parcialmente destruída por um incêndio em dezembro de 2015, vai contemplar soluções de prevenção e combate a incêndio, sem que isto descaracterize a arquitetura de um prédio tombado pelo patrimônio histórico nacional.
Esta, pelo menos, é a intenção do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que assina o projeto de restauração do edifício. As obras, iniciadas há cerca de dois meses, contemplam a instalação de novos sistemas elétricos, de climatização, hidráulica e combate a incêndio nos mais de 4.330 metros quadrados ocupados pelo museu, um uma área anexa à histórica estação ferroviária do centro de São Paulo.
Para evitar a propagação de incêndios em seu interior, estuda-se a substituição do uso de placas de gesso (drywall), adotadas na última reforma do prédio, em 2006, por placas de cimento resistentes a chamas. Mas além de empregar revestimentos internos do tipo corta-fogo, o projeto também contempla a adoção de cobertura em telhas de ligas metálicas, para a dissipação do calor. O prédio, que foi aberto para utilização pública em 1901, já havia resistido a outro incêndio, em 1947.
Sua última reforma, em 2006, foi implementada para a instalação do Museu da Língua Portuguesa, que se transformou em um dos principais polos de visitação e de atração turística da capital paulista. O atual projeto de reforma, por sua vez, adotará as diretrizes da nova Norma de Desempenho de Edificações – ABNT NBR 15575 – que estabelece critérios para a adequação de um prédio a sua utilização, como padrões de conforto, segurança e outros.
Outra novidade é que a obra seguirá conceitos de construção sustentável, para a certificação do edifício com o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), oferecido pelo Green Building Council Brasil. Isto significa que o enfoque do projeto será voltado à otimização dos recursos naturais utilizados, como o emprego de fontes renováveis de energia, a reutilização de água e outros.
Com sua conclusão prevista para 2019, a obra de recuperação foi dividida em três etapas, das quais a primeira é a mais longa e consumirá 12 meses de trabal ho. Esta fase do projeto, que não exigirá alteração nas operações metroferroviárias do edifício, envolverá a restauração de 4.230 metros quadrados de fachada. Em seguida, virá a reconstrução dos 2.550 metros quadrados de cobertura e, por último, a implantação dos fechamentos e revestimentos internos na ala ocupada pelo museu.
A obra vai contemplar ainda a recuperação de 178 esquadrias e 400 elementos artísticos, como rosáceas, folhas de acanto, balaústres, pináculos e parte da torre do relógio. Esses elementos, que reproduzem obras icônicas do império britânico, como o Big Ben e a Abadia de Westminster, compõem o estilo arquitetônico único do prédio e foram importados do Reino Unidos à época da sua construção, contribuindo para transformá-lo em símbolo da pujança econômica de São Paulo, na era do café.
A reforma do prédio tem um custo estimado em 65 milhões de reais, mas conta com um orçamento de 70 milhões de reais para sua execução, somando o prêmio do seguro contra incêndio (34 milhões) e recursos provenientes da iniciativa privada (36 milhões). A diferença será aplicada na preservação do acervo e restauração de obras danificadas pelo incêndio, bem como na promoção de mostras itinerantes até a reinauguração do museu.