Da Redação – 18.04.2017 –
Após adquirir a Concremat e o projeto do novo porto de São Luís (MA), a gigante chinesa da construção pesada aponta onde pretende investir no mercado brasileiro.
Em menos de um ano de atuação no país com estrutura própria, a CCCC (China Communications Construction Company), gigante chinesa que se dedica aos setores de construção pesada e infraestrutura, mostra a que veio. Após inaugurar seu escritório regional em São Paulo, que também servirá de ponte para os negócios do grupo na América do Sul, ela adquiriu 80% do controle acionário da empresa de engenharia Concremat e firmou acordo para investir na implantação do novo porto de São Luís (MA), que será construído em parceria com a WPR.
Entretanto, os planos dessa gigante da construção pesada, que em 2016 registrou uma receita total de 66 bilhões de dólares e lucro de 2,6 bilhões, envolvem a participação em outros projetos no mercado brasileiro, especialmente nas áreas de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos. Em entrevista à imprensa, o executivo Sun Ziyu, membro do conselho e vice-presidente executivo da CCCC, disse que o objetivo é adquirir participação em projetos novos – a serem licitados para concessão – ou já em operação. “Tudo depende da oportunidade e da atratividade desses empreendimentos”, disse ele.
Ziyu visitou a capital paulista na semana passada, para participar da celebração do negócio com a Concremat e da assinatura do acordo para o porto de São Luís. O primeiro negócio envolveu o aporte de 350 milhões de reais para a aquisição de uma empresa de engenharia tradicional no mercado brasileiro, que conta com mais de mil engenheiros e, em 2015, teve receita de 931,5 milhões de reais. O projeto portuário, por sua vez, envolve a construção de um terminal privado multicargas no qual a CCCC investirá 51% do valor de 1,7 bilhão de reais necessário a sua implantação.
Segundo o executivo chinês, as oportunidades em estudo pela CCCC no Brasil envolvem obras nos canais de acesso a portos marítimos, sobretudo os congestionados ou os que não conseguem receber os meganavios, por limitações de largura e profundidade. Vale ressaltar que o grupo é dono da Shanghai Dredging, uma das maiores empresas de dragagem do mundo e que já trabalhou em portos brasileiros, como o de Santos.
Na área de ferrovias, a empresa aguarda uma definição do modelo a ser adotado para os projetos de concessão. “Se o Brasil quer desenvolver e melhorar o sistema ferroviário, deveria ser via o modelo de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e não de BOT (construir, operar e transferir, da sigla em inglês)”, disse Ziyu. Como a Concremat se concentra na área de projeto de engenharia e não atua na execução da obra, há a possibilidade de a CCCC adquirir uma construtora no país ou se tornar sócia de uma empresa do ramo. Entretanto, os executivos chineses descartam essa alternativa a curto prazo e apontam que o foco da empresa será na contratação de construtoras locais.