Da Redação – 18.04.2017 –
A Atlantic Energias Renováveis, que detém vários projetos de geração eólica no país, prioriza a produção de componentes no canteiro e contratação de fornecedores locais.
Dois projetos em implantação pela Atlantic Energias Renováveis, empresa controlada pelo fundo de private equity Actis e que investe em parques eólicos e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em cinco estados brasileiros, estão adotando uma nova abordagem em sua construção. As usinas Santa Vitória do Palmar (RS) e Lagoa do Barro (PI), que vão totalizar 402 MW (megawatts) de capacidade quando entrarem em operação, contarão com fábrica de componentes eólicos dentro do próprio canteiro de obras, com o objetivo de proporcionar ganhos logísticos e financeiros aos empreendimentos.
A Nordex, que adquiriu o controle da Acciona e fornecerá os aerogeradores para os dois projetos, montará uma fábrica em cada um deles para a produção de dovelas, componentes de 20 metros de altura, que compõem as torres eólicas. “Essas peças são fabricadas em concreto armado de alta resistência e passam por um rigoroso controle de qualidade”, diz Armando Barros, gerente de obras do complexo eólico Santa Vitória do Palmar.
Ele destaca que a produção das torres de concreto no canteiro é um conceito inovador no setor. “Com isso, pretendemos reduzir os custos de transporte e melhorar a gestão do projeto, tanto em termos de prazo como de qualidade, além de eliminar riscos de atraso na entrega dos componentes”, explica. Outra vantagem é possibilitar o desenvolvimento da economia regional através do uso de insumos e de mão de obra locais. “Isso agrega valor ao projeto e está diretamente conectado com a missão e valores da empresa”, afirma Armando.
Segundo Rafael Paixão, gerente da fábrica de dovelas da Nordex-Acciona, com essa iniciativa os veículos que transportam o produto acabado percorrem distâncias menores, normalmente dentro dos próprios complexos eólicos. “Isto evita que eles enfrentem o trânsito em cidades e rodovias, elimina a necessidade de pernoite ou paradas durante o deslocamento e reduz o risco de acidente ou dano à carga res”, completa Fonseca de Campos, site manager da empresa.
O enfoque na utilização de recursos locais nas obras, por sua vez, pode ser constatado pela iniciativa adotada pela Atlantic, que recentemente promoveu um workshop no Piauí para o desenvolvimento de fornecedores ao parque que ela vai instalar no Estado. O objetivo, segundo a empesa, é identificar e selecionar empresários que possam atender o projeto com serviços relacionados à construção, bem como o fornecimento de alimentação, água potável, banheiros químicos e diversos insumos necessários à instalação de empreendimentos desse porte.
O complexo eólico Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, é o maior empreendimento da Atlantic até o momento. Em obras desde agosto de 2015, ele prevê a implantação de 69 aerogeradores com potência de 3 MW cada, totalizando 207 MW de capacidade instalada e divididos em 12 parques eólicos. Sua instalação deverá ser concluída até o fim de 2017 e, dado o estágio avançado das obras, a fábrica de dovelas deve ser descontinuada no mês de maio.
Já o complexo eólico de Lagoa do Barro, localizado no Piauí, terá 195 MW de capacidade instalada, divididos em oito parques eólicos e 65 aerogeradores de 3 MW cada. O empreendimento poderá gerar até 500 empregos diretos e indiretos e o investimento previsto da Atlantic é de R$1,3 bilhão. A implantação desse projeto prevista para iniciar ainda no primeiro semestre deste ano.