Especialista fala como evitar perdas de sinal em redes FTTx

Da Canaris Informação Qualificada – 20.07.2017 –

Além da correta especificação do cordão de manobras, o bom desempenho desse componente está associado aos cuidados com seu manuseio, para evitar perdas de sinal na rede FTTx

Quando o assunto é a infraestrutura de redes ópticas e os fatores que podem comprometer seu desempenho, frequentemente se associa qualquer falha na comunicação a problemas nos cabos de fibras ópticas. Do ponto de vista físico, a degradação de sinais pode decorrer de um problema no backbone ou na rede de acesso, como eventuais rupturas no cabo ou uma emenda mal feita, mas não deve ser dissociada de uma possível falha nos cabos de manobra, também conhecidos como patch cords, que conectam os equipamentos ativos à rede e ficam instalados no distribuidor geral óptico (DGO).

Esse tipo de problema, aliás, é muito comum e não se restringe apenas aos provedores regionais de internet (ISPs), que são empresas com rede metropolitana em sua grande maioria. Ele também ocorre com certa frequência nas redes das maiores operadoras de telecomunicações. Como o próprio nome sugere, esses cabos são utilizados para manobrar os recursos de rede e prover acesso aos usuários. Se a operação não for executada com cuidado, eles podem sofre danos que irão comprometer a transmissão dos sinais.

Outro cuidado a ser observado é a correta especificação do patch cord óptico. Apesar de óbvio, esse procedimento nem sempre é seguido à risca, já que nem todas as empresas dispõem de equipes técnicas qualificadas. Os cordões podem se diferenciar pelo tipo de fibra ou as diferentes modalidades de conectores, que são indicados para cada necessidade. As fibras ópticas, por exemplo, estão disponíveis no mercado em modelos do tipo multimodo, de custo mais baixo e com capacidade limitada a transmissões em distâncias menores (até 300 metros), ou monomodo, que são mais caros e atingem longas distâncias de transmissão.

“A diferença de custo entre esses dois tipos de fibra caiu muito nos últimos anos e a opção pelo monomodo deixa a rede preparada para atender à demanda do futuro, mesmo quando se trata de um cabeamento indoor”, avalia Alessandro Mazzafiori, diretor da Redex Telecom, que produz patch cords ópticos. Ele destaca que os tipos de conectores existentes, tanto no formato (SC, LC, entre outros) quanto no diâmetro do ferrolho (2,5 ou 1,25 milímetros), possibilitam a conexão à porta de equipamentos de diferentes marcas e modelos.

Outro cuidado na especificação do conector está relacionado ao tipo de polimento adotado. Nesse caso, Mazzafiori recomenda a utilização de conectores com polimento angular (APC) para redes que operam com equipamentos de maior potência. “Dessa forma, a operadora evita perda de retorno do sinal e preserva o equipamento, o que representa uma proteção a seus ativos de rede e maior qualidade na oferta do serviço”, ele completa.

Diferentes configurações

Como os cordões de manobra ópticos são produzidos sob demanda, eles apresentam diferentes configurações, de acordo com a necessidade de cada operadora, incluindo seu comprimento. A maioria desses patch cords conta com uma extensão média de 2 a 3 metros, mas não é incomum um cordão com até mais de 100 metros de comprimento, para a conexão entre DGOs separados por longas distâncias. Seja qual for sua configuração física, o importante é que a instalação siga as normas vigentes, com adoção de raios de curvatura que não comprometam a integridade física da fibra óptica.

Os cuidados no manuseio também contribuem para a longevidade do patch cord, assim como a proteção de seu conector com uma capa apropriada, quando o mesmo não está conectado à porta do equipamento. Além de proteger o ferrolho de contaminação por poeira, que irá provocar a degradação dos sinais, essa medida também evita que ele sofra danos, já que se trata de um componente sensível, produzido com cerâmica. “Caso ocorra a contaminação, os patch cords e os adaptadores podem ser facilmente recuperados por meio de uso de ferramentas de limpeza que oferecemos no portfólio”, explica Mazzafiori.

Vale ressaltar que tanto as fibras óticas quanto os conectores disponíveis no mercado precisam dispor de uma homologação junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o que garante seu desempenho. O mesmo princípio, entretanto, não vale para os cordões de manobra, que unem esses dois componentes agregando o serviço de conectorização. Apesar de serem dispensados da homologação junto ao órgão regulador, os patch cords ópticos precisam ser produzidos dentro de normas específicas (NBR 14433).

Além de observar esse quesito, os usuários de patch cords precisam ficar atentos quanto à qualidade do produto adquirido. Nesse ponto, fornecedores dotados de laboratórios podem atestar o desempenho de seu produto mediante ensaios. “Já deparei com ISPs que enfrentavam problemas de degradação de sinal e rastrearam toda a rede em busca do ponto de avaria, quando o problema estava no cordão de manobras, seja por seu manuseio incorreto ou pela especificação errada”, conclui Mazzafiori.

Distribuidor geral (DGO) organiza a rede

Destinado à acomodação de sub-bastidores de emenda e distribuição óptica, o distribuidor geral óptico (DGO) é outro componente passivo fundamental para a organização e bom desempenho da rede FTTx. Também conhecido como patch panel, ele permite ao ISP a oferta de serviços com qualidade, confiabilidade e capacidade de expansão. “Até mesmo os provedores regionais de menor porte já estão atentos a essa realidade e projetam suas redes para suportar um crescimento na demanda”, destaca Mazzafiori.

Segundo ele, não é incomum um provedor regional operar até mesmo com uma série de DGOs internos (DGOi) empilhados em racks, para suportar a distribuição dos sinais em redes de maior porte. “Em muitos casos, a demanda cresce a um ponto que a solução é o emprego de racks de 19 polegadas.” Os patch panels, obviamente, são todos em aço, garantindo a proteção dos equipamentos de rede e a organização do fluxo de comunicação.