Por Nelson Valêncio – 25.08.2017 –
Setor responde por até 40% do faturamento da empresa na área de Sistemas de Construção
A entrada da Basf, gigante do setor químico, na construção de torres eólicas começou no início dos anos 2000 e em projetos offshore, mais exatamente fornecendo os grautes – concretos com agregados finos e alta fluidez e baixa retração – para a instalação de parques geradores offshore na Europa. Cinco anos depois, a empresa tinha estabelecido sua penetração nesse tipo no Brasil, o que se revelou um acerto. Com mais de 5 mil torres ativadas e um potencial gerador de 11 GW, os ventos pesam na matriz energética brasileira.
Fábio Augusto Gallo, coordenador de Especificações da área de Sistemas para Construção da Basf, destaca que, entre 30% e 40% do faturamento da divisão brasileira dessa área, vem do fornecimento de produtos que literalmente fortalecem a instalação de torres eólicas, sejam as totalmente fabricadas em concreto ou parte delas – torres metálicas ancoradas em base de concreto.
Para cada tipo de construção, a empresa têm dois grautes, mas as formulações em si são praticamente personalizadas. Fatores como clima, altura da torre, tecnologia do fabricante de aerogeradores estão entre os componentes que determinam a especificação mais correta. Um exemplo são as construções no Nordeste, onde os grautes precisam ter maior fluidez para se adequar às temperaturas mais altas. “As especificações precisam ser adequadas para garantir que a vida útil de uma torre alcance os 15 anos sem necessidade de manutenções não”, explica Gallo.
Infelizmente, segundo ele, a Basf tem sido acionada para remediar a situação de algumas torres, com uma manutenção antecipada em função da inadequação do graute. Na avaliação do especialista, isso pode ter ocorrido pela combinação entre um graute inadequado e pela aplicação em si. “O treinamento da mão de obra, que é altamente especializada, tem sido uma de nossas metas”, complementa o executivo. De acordo com ele, a Basf tem, mundialmente, 30 aplicadores referenciados, sendo apenas um para a área de offshore. “É um processo rígido e temos dois aplicadores no Brasil com a validação da Basf”, comenta.
Gallo lembra que além dos aplicadores, que são empresas de engenharia altamente especializadas, há um rol de companhias tecnicamente habilitadas que atuam no mercado e que estão no alvo da empresa para serem “evangelizadas” tecnicamente. Ele lembra que a fabricante alemã tem um departamento com grande conhecimento do material e que esse know how tem sido compartilhado.
No caso das torres totalmente em concreto, Gallo lembra que uma atenção especial acontece na consolidação das juntas verticais e horizontais, além dos materiais usados para as formas químicas em campo. O know how a empresa, inclusive, permite a indicação de equipamentos de bombeamento mais corretos, o que reduz o risco de se ativar uma torre cujo desempenho será comprometido.
Nas torres metálicas, um problema crítico é a presença de fissuras, o que pode chegar, em casos mais críticos, a inviabilizar a entrada de operação da instalação eólica.