Por R$ 75 milhões, projeto piloto de smart grid avança em Barueri

Por Rodrigo Conceição Santos – 27.09.2017 – Primeira implantação completa desse tipo de rede em um município brasileiro contempla implantação de 62 mil medidores inteligentes e visa ser referência para a discussão de marco regulatório para as utilities. As perdas nas redes de distribuição de energia são, em média, de 16% no Brasil. Na AES […]

Por Redação

em 27 de Setembro de 2017

Por Rodrigo Conceição Santos – 27.09.2017 –

Primeira implantação completa desse tipo de rede em um município brasileiro contempla implantação de 62 mil medidores inteligentes e visa ser referência para a discussão de marco regulatório para as utilities.

As perdas nas redes de distribuição de energia são, em média, de 16% no Brasil. Na AES Eletropaulo, que atende 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo – ou 7 milhões de pessoas – elas são menores, entre 3,5 e 4%. Mas a ideia é reduzi-las mais, atacando principalmente os furtos de energia (gatos). Para Antonio Almeida, gerente de tecnologia da distribuição da empresa, esse controle é de fato o principal impulsionador do smart grid no Brasil, mas esse tipo de rede rende também outros benefícios, como melhor qualidade de atendimento ao cliente, com previsibilidade de falhas, manutenção preventiva, etc.

É por isso que a AES Eletropaulo está implantando um projeto piloto completo de smart grid na cidade de Barueri. Ao todo, 62 mil medidores inteligentes deverão ser instalados, ao custo médio de R$ 700,00 cada. “Prevemos o investimento de R$ 75 milhões, aplicados nos medidores inteligentes e nas redes de telecomunicações”, diz Almeida.

Aliás, ponta ele, sem rede de telecomunicações eficiente os dispositivos do smart grid não funcionam. “É o caso dos medidores inteligentes, que precisam conversar com os roteadores, e o balanço de energia, que faz o combate a perdas comerciais e falta de energia na rede secundária, deixando-nos saber com antecedência se a rede caiu, por exemplo”, diz. “Pelo balanço, garantimos a qualidade do fornecimento, com condições de saber no transformador os parâmetros de carregamento da rede, se há intermitência e, com isso, planejar intervenções futuras e até mesmo prospectar novos clientes recém- alocados na região”, completa.

Almeida defende que as redes de distribuição inteligentes devem determinar que negócios e tecnologia da informação devem trabalhar juntos, de modo que todos os dispositivos falem entre si. “É a internet das coisas no nosso ambiente”, sintetiza.

Além disso, há as questões de segurança, separadas por ele e sua equipe em três pontos básicos: rede de comunicação, controle de usuário e dispositivos. “No caso das redes de comunicação, é preciso separá-las para obter transparência operacional sobre todas elas e trabalhar com redundância”, diz.

No projeto piloto de Barueri, por exemplo, a AES Eletropaulo formatou rede RFMesh e rede PLC (telecomunicação pela rede elétrica) na última milha. Como rede geral (backhaul) a opção foi por iMax em redundância ao celular (3G e 4G). “A transmissão de dados via celular atende bem, o problema é que não tem cobertura em todos os locais onde estamos instalando os medidores”, explica.

O segundo ponto de segurança envolve os sistemas, para caracterizar os perfis de acesso: o que pode ou não ser acessado, interfaces de usuários em consoles e criptografia. Por fim, nos dispositivos inteligentes, é possível aplicar criptografia em cada medidor.

“Por esse esquadro, entendemos que smart grid significa ter visão completa da rede e, com isso, maior interação com o cliente. Dessa forma, começa-se a ter uma mudança de patamar, podendo ofertar novos serviços, como compartilhamento de geração distribuída, por exemplo, sem afetar a qualidade do fornecimento”, salienta.

Falando em geração distribuída, Antônio Almeida avalia que, em grande escala, não há saída fora de uma rede inteligente para orquestrar a distribuição de forma adequada. Por isso ele defende que o ideal é ter uma faixa de frequência exclusiva para as utilities, que poderão fazer compartilhamento de dados entre os fornecedores de gás, água e energia por uma mesma rede, tornando-a mais barata. “Essa interoperabilidade é a forma de conseguir reduzir os custos e padronizar equipamentos para redes inteligentes”, diz.

Nos Estados Unidos, durante o governo Obama (2010), houve essa regulação que ele acredita ser necessária no Brasil e diz já ter passado da hora de iniciar uma discussão nesse sentido. “Até por isso estamos tentando mostrar, na prática, os benefícios do smart grid através do projeto piloto de Barueri”, conclui.