Tietê tem leve melhora, mas confirma que poluir custa caro

Da Redação – 27.09.2017 – Um levantamento realizado por voluntários, com a coordenação da Fundação SOS Mata Atlântica, monitorou 50% da bacia hidrográfica do Tietê, o maior e mais famoso rio do estado de São Paulo. A pesquisa envolveu 40 municípios das três regiões hidrográficas (Alto e Médio Tietê, Sorocaba e Piracicaba, Capivari e Jundiaí) […]

Por Redação

em 27 de Setembro de 2017

Da Redação – 27.09.2017 –

Um levantamento realizado por voluntários, com a coordenação da Fundação SOS Mata Atlântica, monitorou 50% da bacia hidrográfica do Tietê, o maior e mais famoso rio do estado de São Paulo. A pesquisa envolveu 40 municípios das três regiões hidrográficas (Alto e Médio Tietê, Sorocaba e Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e mostrou que a mancha de poluição no rio atinge 130 km, o que seria um recuo de apenas 7 Km em relação ao ano anterior. Os dados indicam ainda que apenas três (2,2%) dos 137 pontos de coleta de água analisados apresentam qualidade de água boa. Outros 81 pontos (59,1%) estão em situação regular e 53 (38,7%) em situação ruim ou péssima – contaminados e indisponíveis para usos múltiplos, como abastecimento público e produção de alimentos.

A mancha de poluição está localizada entre os municípios de Itaquaquecetuba e Cabreúva, representando hoje 22,5% do trecho monitorado de 576 km do rio, da nascente em Salesópolis até Barra Bonita. A avaliação da qualidade da água e da evolução dos indicadores de impacto do Projeto Tietê refere-se ao período de setembro de 2016 a agosto de 2017. A mancha de poluição, destaque-se, indica exatamente o trecho onde o rio é considerado “morto”. O recuo, segundo a Fundação, “deve-se ao aumento do trecho com qualidade de água boa e regular entre Salesópolis e Itaquaquecetuba, na região hidrográfica Tietê Cabeceiras”.

Para Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, os números não são motivo de comemoração, já que em 2014, antes do período de crise hídrica em São Paulo, a mancha ficou restrita a 71 km – entre os municípios de Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. “Em 2015, no auge da estiagem e com a diminuição no ritmo das obras de coleta e tratamento de esgoto, a mancha mais que dobrou, atingindo 154,7 km. Em 2016, com a diminuição da crise, a mancha recuou para 137 km. Mais um ano se passou e ainda não conseguimos voltar ao nível pré-crise hídrica”, ponderou Malu.

Poluir custa caro

O estudo aponta que o despejo de esgoto doméstico sem tratamento ou com baixa eficiência de tratamento ainda é a principal causa da poluição dos rios monitorados. Na sequência, estão as fontes difusas de contaminação, que incluem os resíduos sólidos, o uso de defensivos e insumos agrícolas, o desmatamento e o uso desordenado do solo.

Na avaliação da Fundação, é fundamental aperfeiçoar a legislação que trata do enquadramento dos corpos d’água, de forma a excluir os rios de Classe 4 da norma vigente. “Essa classe, extremamente permissiva em relação a poluentes, mantém os rios em condição de qualidade péssima ou ruim, indisponíveis para usos”, ressalta Malu.

Ainda na avalição da Fundação, a cobrança pelo uso da água e a compensação financeira por lançamento de poluição são instrumentos de gestão do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos que, se aplicados efetivamente, forçarão a mudança no enquadramento dos rios. Outra consequência seria a diminuição da transferência de cargas de poluição de uma bacia para outra e o fim de rios de Classe 4. Isso aconteceria pois torna mais vantajoso investir em tratamento do que usar rios para diluição de dejetos. “Ou seja, torna mais cara e inviável a prática de poluir”, concluiu Malu Ribeiro.