Por Stephan Romeder (*) – 31.10.2017 –
A Internet das Coisas vem sendo considerada pelas empresas porque ela pode agilizar os processos de trabalho, reduzir os requisitos de mão de obra e melhorar o serviço ao cliente. Assim como nos EUA e Europa, o Brasil avança a passos largos neste universo, tanto que o governo brasileiro apresentou o Plano Nacional de IoT na última edição da Futurecom. Na mesma oportunidade o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também apresentou um estudo que vai nortear a realização do Plano Nacional de Internet das Coisas.
De acordo com este estudo, em 2025, a Internet das Coisas poderá gerar até US$ 200 Bi por ano para o Brasil em quatro áreas principais de destaque: saúde, agronegócio, cidades inteligentes e indústrias. Até lá, a IoT deve gerar impacto econômico entre US$ 132 bilhões e US$ 134 bilhões para o país.
No entanto, vários obstáculos precisam ser superados para que os benefícios completos da IoT possam ser percebidos. Um aviso aos iniciantes: só porque todos os tipos de processos podem ser marcados e rastreados usando o IoT, isso não significa que cada conexão inteligente traga real valor. Um retorno sobre o investimento precisa ser construído tanto para o curto quanto para o longo prazo. Além disso, os cyber ataques recentes resultaram na multiplicação de padrões que precisam ser considerados.
Então, todo projeto IoT precisa de uma comprovação de realidade para que se tenha uma compreensão completa dos benefícios e dos riscos.
Internet dos Lucros
Embora existam amplas oportunidades para aproveitar a tecnologia IoT, as empresas precisam avaliar os custos de integração para sistemas que necessitam conectar grandes redes de sensores, controladores, balizas, smartphones, tablets e outros dispositivos. Os sistemas precisam compartilhar facilmente dados entre o CRM, o ERP, os sistemas financeiros e de produção de back-end com a capacidade de escalabilidade, para processar volumes cada vez maiores de dados.
Uma diretriz geral é que os projetos IoT são bem-sucedidos se realmente o ROI acontecer dentro de um ano. Pegue, por exemplo, uma empresa industrial que introduziu sensores em um sistema de linha de produção para avisar um possível mau funcionamento futuro e assim reduzir o tempo de inatividade de uma linha de montagem. O projeto incluiu a criação automática de regras baseadas em dados históricos para prever possíveis falhas de equipamentos. O projeto foi um sucesso com um ROI forte mostrando benefícios imediatos.
Entretanto, para garantir que o ROI também continue a longo prazo, o sistema incluiu a capacidade de definir e atualizar continuamente regras de negócios com base em fontes de dados adicionais. Uma plataforma IoT ajudou a simplificar a integração de dados de dispositivos inteligentes e sistemas corporativos, com um IMDG (In-Memory Data Grids) incorporado para lidar com grandes volumes de dados, permitindo que o sistema evolua com novos requisitos.
Risco de violação da IoT
Depois que o botnet Mirai atacou dispositivos de gravação digital e transmissão de vídeo (DVRs e CCTVs), e roteadores conectados para bloquear o acesso a vários sites de alto perfil, as preocupações de segurança da IoT se tornaram uma questão premente. Várias organizações diferentes publicaram suas próprias diretrizes e padrões para tentar evitar essas violações. Cada implementação de IoT precisa considerar as políticas atuais e futuras para reduzir o risco e garantir a conformidade. Aqui estão alguns exemplos:
– A agência de informática ENISA lançou um documento recomendando as medidas de segurança da IoT, desde dispositivos simples até sistemas completos, incluindo carros e fábricas conectados, propondo um requisito para um “Trust Label” da UE para dispositivos IoT;
– A GSMA, juntamente com a indústria móvel, entregou um conjunto abrangente de Diretrizes de Segurança da IoT promovendo as melhores práticas para o projeto, desenvolvimento e implantação de soluções de IoT de ponta a ponta;
– O projeto IEEE P2413, padrão para um Framework de Arquitetura para a Internet das Coisas, possui um grupo de sub trabalho que propôs padrões de segurança para IoT para criptografia, dispositivos e sensores, redes e infraestrutura;
De fato, a IoT está introduzindo novas eficiências com um ROI rápido, mas também há riscos importantes ??que precisam ser considerados antes de fazer investimentos significativos a longo prazo. Além disso, a infraestrutura deve ser flexível para cumprir com novos padrões e precisa também fazer as conexões necessárias com Big Data, milhares de sensores e todas as análises que são necessárias para a tomada de decisões inteligentes.
Garantir um planejamento profundo para construir a infraestrutura correta vale muito o esforço. Com todas as potenciais melhorias no atendimento ao cliente e na eficiência, é apenas uma questão de tempo até que os padrões e práticas recomendadas tornem a IoT comum e uma parte normal e esperada dos negócios.
(*) Stephan Romeder (@Stephan_Romeder) é Managing Director – Magic Software Europe