Conheça a TI da MRV, empresa que vai investir R$ 50 bi até 2028

Por Nelson Valêncio – 13.12.2017 – A MRV Engenharia acaba de oficializar seu planejamento bilionário para os próximos dez anos: R$ 50 bilhões na construção de empreendimentos imobiliários. Por trás do processo existe também uma área de Tecnologia da Informação (TI) comandada pelo  engenheiro de produção Reinaldo Sima. Nessa entrevista, ele mostra como a companhia […]

Por Redação

em 13 de Dezembro de 2017
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Por Nelson Valêncio – 13.12.2017 –

A MRV Engenharia acaba de oficializar seu planejamento bilionário para os próximos dez anos: R$ 50 bilhões na construção de empreendimentos imobiliários. Por trás do processo existe também uma área de Tecnologia da Informação (TI) comandada pelo  engenheiro de produção Reinaldo Sima. Nessa entrevista, ele mostra como a companhia cravou sua posição entre as 100 empresas mais inovadoras nessa área, segundo pesquisa da editora IT Mídia em parceria com a consultoria PwC. Na área de engenharia e construção, o grupo ocupa a primeira posição. Vamos tentar entender o porquê disso nas linhas abaixo. Entre as razões, Sima destaca o perfil dos principais dirigentes do grupo, eles próprios visitantes do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e de startups em Israel.

InfraROI – Como funciona a área de TI da MRV?

Reinaldo Sima: O processo de gestão de demandas tem três ciclos, um anual, um mensal e um diário. No primeiro, definimos quais projetos e demandas estratégicas serão atendidas por meio de um escritório de demandas. Esse processo está alinhado com o de orçamento do grupo, onde se define uma estimativa de investimentos, inclusive com cálculo de retorno. O ciclo anual – que passa pelo crivo do comitê estratégico da MRV, é revisto no inicio de cada ano, sempre comparando o investimento de capital previsto com o que foi efetivamente gasto. No ciclo mensal, adotamos as chamadas metodologias ágeis e atendemos as demandas planejadas, além das mais operacionais, com a correção de erros ou avaliação de dúvidas. O ciclo diário, por sua vez, foca nas emergências e na reavaliação de processos. Hoje, independente do ciclo, todas as demandas que passam por TI precisam ser avaliadas quanto ao seu retorno estratégico para empresa, ou seja, o quanto estão alinhadas com o grupo.

InfraROI – Em termos de pessoas, como é a estrutura da TI?

Sima: TI alinhada com áreas de negócios e estratégia da MRV

Sima: Temos uma estrutura interna e outra externa e complementar. Essa última varia de acordo com volume de projetos. O que temos contratado é capacidade produtiva, pois temos um desenvolvimento ágil. Fechamos um escopo e contratamos de acordo com demanda, mas todos os projetos são gerenciados pelo nosso escritório, com a participação de gerentes de projetos e de arquitetos de TI.

InfraROI – O envolvimento de TI com o negócio da construtora parece grande…

Sima: TI assumiu esse papel de parceiro técnico desde 2009 e a maior parte das demandas são direcionadas para atender as necessidades de negócio. Elas nascem da interação com áreas de negócios. É comum a alocação de pessoal de negócios temporariamente na equipe de projetos de TI na etapa de desenvolvimento. A interação facilita o que a área de negócio quer especificar e, ao mesmo tempo, se valida o que foi desenvolvido, provocando a sinergia. A TI faz parte do negócio e não é uma parceira a mais. Existe uma preocupação com a engenharia e com o valor dos projetos, de forma que priorizamos as demandas que estão alinhadas com essa estratégia. O grupo tem a noção de que a TI nunca vai atender todas as demandas, de forma que nossa principal contribuição é estar antenados com os movimentos tecnológicos da área de construção.

InfraROI – Na prática, como isso acontece nas áreas etapas dos empreendimentos?

Sima: A aplicação nasce no desenvolvimento imobiliário, ou seja, quando se adquire o terreno. Para verificar a viabilidade, temos um processo automatizado de ferramenta de mobilidade, incluindo recursos do Google Maps e de gerenciamento eletrônico de documentos (GED), para mapear todos os terrenos prospectados, colocando-os numa base central de dados, junto com a documentação legal a respeito deles. Isso facilita a decisão da empresa de comprar os terrenos potenciais e legaliza-los o mais rapidamente possível. Na fase de desenvolvimento acontecem os processos de crédito e financiamento, com apoio para a área comercial. Lembrando que mais de 50% das vendas acontece via internet. Com isso, há um investimento em recursos para o relacionamento com os potenciais clientes, inclusive inteligência artificial para casar as demandas desses clientes – na interação via internet – com os projetos disponíveis. Aqui entra um aparato de ferramentas estatísticas e de CRM (gerenciamento de relacionamento com o cliente), unindo as pontas de vendas com o back office. Também usamos tecnologias de ponta como o Watson, da IBM para reforçar esse relacionamento.

InfraROI – E na área de produção?

Sima: É um elo que começa juntamente com o desenvolvimento imobiliário. Começa no projeto, com as ferramentas de CAD, depois com planejamento do orçamento, controle e execução. Na etapa de projetos adotamos o BIM, permitindo uma colaboração maior entre os participantes, identificando e eliminando eventuais impactos, por exemplo, nas fases de hidráulica e elétrica. A gestão de projetos é controlada via plataformas da Microsoft e usamos muitos recursos de mobilidade para integrar a frente da obra, nos canteiros, com o resto da companhia. Desenvolvemos muitas ferramentas internas para atender a especificidade de mobilidade da MRV.

InfraROI – Isso pode mudar, com sistemas padronizados como acontece em outras áreas?

Sima: A mobilidade nos canteiros já acontece há alguns anos e a MRV investe em startups para reduzir os custos de desenvolvimento e acelerar o processo. Desenvolvemos muitas aplicações internamente nessa área, mas estamos de olho nesse relacionamento com startups. O uso de devices em campo, por sua vez, varia de acordo com o profissional. Os de perfil mais administrativo vão usar um desktop ou notebook tradicional, enquanto o técnico que cuida do almoxarifado poderá ser mais eficiente com um tablet. Os profissionais de manutenção, por sua vez, podem ser mais ágeis usando um smartphone. Temos uma plataforma móvel que funciona em qualquer um desses equipamentos.

InfraROI – Fala-se muito em aplicação de Big Data e realidade aumentada como tendências. Como vocês acompanham isso?

Sima: Aplicamos muito os recursos de Big data, junto com ferramentas avançadas de analytics e de machine learning, como o já citado Watson, da IBM. Usamos muito em gestão de vendas e na gestão da carteira de clientes, antecipando aqueles que têm o risco de entrar em inadimplência, entre outras características. Na verdade, as ferramentas de Big Data e analytics têm sido utilizadas em várias áreas da companhia. A Internet das Coisas (IoT) também vem sendo adotada para acompanhamento de itens críticos da obra e também antecipando projetos  de manutenção. Há ainda o uso de sensores no monitoramento das condições dos apartamentos já construídos.

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InfraROI – Como assim?

Sima: Os projetos novos são entregues com uma série de recursos, inclusive preparados para a conexão digital. Os apartamentos são projetados para serem digitais, com áreas específicas para a ativação de equipamentos de conexão e características construtivas como tomadas que já possibilitem a conexão de recursos de TI do morador, caso de tomadas com porta USB, entre outros. Os apartamentos já são preparados para a ativação de redes de IoT que facilitem o monitoramento remoto, por exemplo, das redes de gás. Também estão preparados para integrar recursos de monitoramento de imagens, geração de energia sustentável como a solar fotovoltaica e outros processos.

 

Ao ataque: R$ 50 bi nos próximos dez anos em emprendimentos imobiliários no Brasil

O valor deve ser aplicado na construção de imóveis econômicos em todo o país até 2028. Para o copresidente da MRV Engenharia, Eduardo Fischer, o investimento mostra que a empresa está confiante na retomada da economia brasileira. “Esse é um dos maiores investimentos privados que uma empresa realizará no País”, afirma o executivo. Fischer acrescenta, ainda, que o anúncio mostra que a empresa está pronta para crescer ainda mais nos próximos anos e seguir focada na estratégia de oferecer produtos diferenciados e de qualidade para seus clientes.

Outra novidade anunciada é a volta da companhia ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE. Essa decisão, segundo o também copresidente da MRV Engenharia, Rafael Menin, é em função do aumento da confiança do consumidor na economia. “Do total de landbank da MRV Engenharia, sabemos que 10% a 30% já tem aderência ao SBPE, o que para a empresa é essencial no planejamento desses investimentos nos próximos anos”, diz Menin.

Com os novos investimentos, a MRV Engenharia, que hoje possui cerca de 16 mil colaboradores, aumentará em quase 50% seu quadro de funcionários, gerando renda e emprego. Isso sem contar no aumento do número de trabalhadores também na cadeia produtiva da construção. Pelos cálculos da empresa, serão aproximadamente 100 mil novos empregos indiretos no setor.

Segundo a companhia, os números de outubro e novembro mostram novo recorde de vendas – 4.159 unidades comercializadas, aumento de 46% em relação ao 4T16. “Acreditamos que dezembro possui um potencial para ser o melhor mês de vendas do ano” comenta Rafael Menin, acrescentando que a união do setor é importante para que o Brasil volte a crescer, pois, segundo ele, quando a construção civil vai bem, o país também segue na mesma direção.