Da Redação – 15.06.2018 –
Estudo comparativo entre os países que participam do evento mostra o quanto o país precisa melhorar. Detalhe: o grupo de participantes é restrito, o que piora ainda mais o cenário do saneamento brasileiro
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) mostra que levamos uma espécie de 7 x 1 na área de saneamento urbano. A entidade comparou nossos índices na área de captação e tratamento de água e esgoto com os outros países que participam do torneio na Rússia. Resultado: “se a Copa do Mundo fosse uma competição que levasse em consideração as condições de saneamento básico, o Brasil não passaria das oitavas de final”, diz o levantamento.
O estudo foi feito com base em dados do Programa de Monitoramento Conjunto para o abastecimento de água e saneamento – UNICEF e Organização Mundial da Saúde (OMS) – WHO/UNICEF JMP e Gestão Segura dos Serviços de Saneamento. Com base neles, quem leva a taça é o Japão, seguido pela Suíça, vice-campeã, e pela Espanha. A Dinamarca fica com o quarto lugar.
Pelos critérios do JMP, as condições de saneamento satisfatórias são consideradas a partir de um conjunto de itens como ligações domiciliares, poços artesianos, captação, armazenamento e utilização de água da chuva, no caso de água. Já nos critérios de saneamento, itens como a existência de vaso sanitário, sistema de coleta de esgoto (coleta, bombeamento, tratamento e disposição final adequada) e fossa séptica, entre outros, pesam na avaliação.
Quase 7 milhões de brasileiros não tem sequer um banheiro
Os dados sobre o Brasil mostram que 32 milhões de pessoas não têm acesso adequado ao abastecimento de água (rede geral de abastecimento), 85 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao esgotamento sanitário (rede coletora nas zonas urbanas e rede coletora ou fossa séptica nas zonas rurais) e 134 milhões não têm os esgotos de suas casas tratados. Já 6,6 milhões não têm nem sequer banheiro.
“Apesar de avanços, ainda temos muitos desafios para a universalização e muito debate ainda a ser feito, como, por exemplo, a Revisão do Marco Legal do Saneamento, para a qual o governo federal quer propor uma medida provisória sem ampla discussão com o setor”, ressalta Marcio Gonçalves, presidente da Seção São Paulo da Abes (Abes-SP).