Do DW Brasil – 14.09.2018 –
Grandes cidades, como Paris, Berlim e Nova York, afirmam que emitem menos gases do efeito estufa do que há cinco anos, mesmo com crescimento populacional e econômico. Vinte e sete grandes cidades, incluindo Berlim, Londres, Los Angeles, Nova York e Paris, anunciaram nesta quinta-feira (13/09) que conseguiram reduzir suas emissões de gases do efeito estufa num período de cinco anos, apesar do crescimento populacional e econômico.
O anúncio foi feito pela C40 Cities, uma rede mundial de cidades comprometidas com o combate às mudanças climáticas, durante uma conferência em São Francisco, nos Estados Unidos.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, afirmou ser um alívio “finalmente poder compartilhar notícias positivas sobre as mudanças climáticas”.
Os governos das cidades conseguiram reduzir as emissões numa média de 2% ao ano, levando a uma queda acumulada de ao menos 10% em relação ao seu pico. O progresso ocorreu apesar de um aumento médio de 1,4% no número de habitantes e de um crescimento econômico médio de 3% ao ano.
“Podemos provar que também é possível criar empregos e oportunidades com a transição ambiental”, disse Hidalgo.
A queda nas emissões foi resultado de esforços para empregar fontes de energia mais limpas, tornar o consumo de energia em prédios mais eficiente, fornecer alternativas ao transporte em carros particulares, reduzir o desperdício e aumentar a reciclagem.
As cidades que integram a lista são: Barcelona, Basileia, Berlim, Boston, Chicago, Copenhague, Filadélfia, Heidelberg, Londres, Los Angeles, Madri, Melbourne, Milão, Montreal, Nova Orleans, Nova York, Oslo, Paris, Portland, Roma, São Francisco, Estocolmo, Sidney, Toronto, Vancouver, Varsóvia e Washington.
A lista, contudo, não inclui nenhuma cidade de países em desenvolvimento, e as que estão na lista abrigam apenas 54 milhões de pessoas. De acordo com especialistas, as emissões em países mais pobres devem continuar a crescer nos próximos anos.
“Precisamos lutar para que recursos sejam direcionados para a transição ambiental e energética onde eles são mais urgentes, incluindo países em desenvolvimento”, disse Hidalgo.
A conferência em São Francisco, batizada de Cúpula da Ação Climática Global, foi organizada pelo governador da Califórnia, Jerry Brown, para dar destaque a iniciativas já em curso para prevenir as mudanças climáticas e inspirar novas medidas. Não ficou claro se alguma iniciativa específica pode ser tomada antes do fim do evento, nesta sexta-feira.
Brown, outros políticos, ativistas do clima e líderes empresariais estão tentando preencher o vácuo deixado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de abandonar o Acordo de Paris, por meio do qual países se comprometeram em 2015 à meta de limitar o aquecimento global a 2°C acima de níveis pré-industriais.
Especialistas já alertaram que o limite mais ambicioso do acordo, de 1,5°C, será ultrapassado. Para que o limite superior não seja atingido, as emissões devem chegar a esse pico no máximo até 2020 e depois começar a cair acentuadamente.
O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg afirmou que a conferência é uma forma de mostrar que os EUA ainda estão comprometidos com a causa.
“As mudanças climáticas são um desafio global, e Washington precisa ter uma postura de liderança”, disse.
Bloomberg e Brown disseram que os EUA estão muito distantes da redução de emissões que havia sido prometida no governo do ex-presidente Barack Obama.
A administração de Trump, além de ter anunciado a saída do acordo, defende políticas que aumentariam as emissões de gás metano e relaxariam os rigorosos padrões de emissões veiculares na Califórnia.
O evento também foi alvo de protestos de ambientalistas. Centenas de manifestantes pediram que Brown fizesse mais pelo meio ambiente na Califórnia, e cerca de uma dezena interrompeu o discurso de Bloomberg com palavras de ordem, afirmando que os recursos naturais não estão à venda.
Eles também pediram que Brown acabe com a prática conhecida como fracking, pela qual líquido de alta pressão é injetado no solo para extrair gás.
“Os Estados Unidos são um país maravilhoso. Aqui temos ambientalistas protestando numa conferência ambiental”, comentou Bloomberg.