Superlotação de cabos nas redes de internet pode piorar

Da Abranet – 16.10.2018 – Anualmente o consumo de fibras ópticas é de 500 milhões de km no mundo; Brasil não responde nem por 1% deste total. Microtecnologias são a opção mais viável para aumentar o compartilhamento nos dutos e reduzir os problemas Realidade virtual e aumentada, OTT, nuvem, IoT, indústria 4.0, smart cities e […]

Por Redação

em 16 de Outubro de 2018

Da Abranet – 16.10.2018 –

Anualmente o consumo de fibras ópticas é de 500 milhões de km no mundo; Brasil não responde nem por 1% deste total. Microtecnologias são a opção mais viável para aumentar o compartilhamento nos dutos e reduzir os problemas

Realidade virtual e aumentada, OTT, nuvem, IoT, indústria 4.0, smart cities e big data. Tudo isso vem puxando o aumento da demanda de fibras ópticas no mundo. Segundo Marco Antonio Scocco, gerente de Engenharia da Sterlite Tech, há uma correlação direta entre o aumento do tráfico de dados no mundo e o consumo de fibra ótica. “Hoje, o mundo instala 500 milhões de quilômetros de fibra ótica por ano, sendo China, USA e Índia os maiores demandantes. Já o Brasil responde por menos de 1% deste total”, afirmou ele durante um painel que debateu a viabilidade do uso de microtecnologias no Futurenet – evento que a Associação Brasileira de Internet (Abranet) promoveu no primeiro dia do Futurecom, em São Paulo.

Diante dessa perspectiva do aumento de consumo de fibras ópticas e da saturação da infraestrutura de telecomunicação, as microtecnologias vêm se apresentando como uma alternativa para o ordenamento e expansão das redes de internet. O problema é que no Brasil ainda se usam cabos com capacidade para poucas fibras. “No mundo todo, há uma tendência de compactação, de redução do diâmetro dos cabos que abrigam as fibras e de aumento da quantidade de fibras por cabo”, ressaltou. Há dutos com capacidade, por exemplo, de compartilhar mais de 2 mil microcabos.

Segundo ele, as microtecnologias vieram para ficar. “É uma tendência mundial, mas precisamos de equipes treinadas para a adoção dessa tecnologia. E a mão-de-obra no Brasil ainda é um problema a ser resolvido”, disse.

A tecnologia consiste na instalação de microcabos ópticos por sopramento em microdutos. Os microdutos podem ser, por exemplo, implantados em microvalas com cortes de 5 cm de largura por 40 cm de profundidade. Uma máquina com um disco de diamante corta o solo, a instalação é feita, e tudo é fechado rapidamente. Uma das vantagens é a possibilidade de ter um número muito maior de microcabos compartilhados.

Para Evelyn Vieira, engenheira de Vendas da Dura-line, outro fabricante de microdutos, a abertura de uma microvala é cerca de 50% mais barata do que uma obra convencional com a mesma finalidade. Há, ainda, outras vantagens no uso das microvalas. “As obras são rápidas, não atrapalham o trânsito nas vias, envolvem poucas pessoas e têm pouco impacto na vida cotidiana. Em um dia, somos capazes de realizar 200 a 300 metros de obras, completas, finalizadas, com acabamento. Não é necessário recapear a via inteira, como em obras tradicionais”, esclarece Gilberto Giasseti, sócio da Porto Seguro Cortes e Furos. Entretanto, segundo ele, ainda falta estabelecer padrões e protocolos.

Microtecnologias avançam e têm o ok das prefeituras 

A engenheira da Dura-line lembrou que as microtecnologias vêm tendo boa aceitação pelas prefeituras. “A situação da rede aérea em cidades como São Paulo é um caos e o poder público vem tentando solucionar a situação. Estive recentemente conversando com o secretário de Obras do município e a solução foi vista com bons olhos por ele.”

Desde o início do ano, a Abranet vem buscando soluções ajudar na organização e na expansão das redes de telecomunicações que são suporte para a conectividade de internet, principalmente nas cidades em que a infraestrutura convencional está saturada. A entidade já organizou workshops com as concessionárias AES Eletropaulo e CPFL Paulista para encontrar conjuntamente soluções, de forma que os pequenos e médios operadores de telecomunicações possam atuar dentro do regramento legal.

“Um ponto importante e que sempre levamos em consideração nessas iniciativas é conseguir fazer com que a ocupação dos pontos abrigue o maior número possível de empresas, e que precisamos pensar cada vez mais no compartilhamento”, ressalta Eduardo Parajo, presidente da Abranet. “Esta discussão no Futurenet, com três empresas que operam com microtecnologias, é mais um passo neste sentido.”