Por Nelson Valêncio – 22.10.2018
Projetos concentram-se na inteligência de sistemas de armazenamento de energia, controle de aeroportos e otimização de segurança em cidades digitais
A massa cinzenta da japonesa NEC está em vários projetos que envolvem o setor de infraestrutura no Brasil, a começar pela solução de armazenamento de energia em Fernando de Noronha, iniciativa em parceria com a concessionária Neonergia. A ideia é otimizar o uso sistemas de baterias de íons de lítio para armazenar a energia produzida na planta solar instalada no conjunto de ilhas e reduzir o consumo de diesel da geração termelétrica, a principal fonte de geração atual em Fernando de Noronha. O projeto iniciou sua segunda fase em junho desse ano.
Segundo Roberto Seiji Murakami, diretor da área de negócios de smart grid da NEC, os dois sistemas instalados pela empresa no arquipélago somam uma capacidade de geração de 510 kWh e vão ser avaliados em conjunto para validar os ganhos. O projeto faz parte do escopo de iniciativas de pesquisa e desenvolvimento incentivadas pela Aneel, a agência reguladora do setor elétrico. Murakami lembra que outros dez projetos também envolvendo armazenamento de energia de geração solar e eólica fazem parte da lista da NEC e estão em avaliação.
O sistema da NEC envolve bancos de baterias de íons de lítio, conversores de energia e, o mais importante, o software Aeros, de gerenciamento do uso de energia. O recurso seria a inteligência do processo e o que permite a fabricante japonesa aprimorar o uso do armazenamento, direcionando a energia armazenada para contrabalançar as intermitências do fornecimento solar no arquipélago. Além de ocuparem menor espaço e terem maior densidade de energia do que as baterias convencionais de chumbo ácido, as baterias de íons de lítio têm uma vida útil mínima de 20 anos ou quatro vezes mais do que as tradicionais.
Fora do setor de energia, a inteligência da NEC avança para as cidades digitais, em projetos como o de identificação de placas de carros mesmo com imagens de baixa qualidade e em projetos sofisticados como a identificação visual de passageiros nos aeroportos internacionais. O segundo caso já é um processo consolidado e em parceria com a Receita Federal. A base do projeto foi desenhada pela própria Receita e tinha como meta cruzar os dados de reconhecimento facial dos passageiros com informações que o órgão federal já detinha sobre cada pessoa. A NEC, de acordo com seu diretor de Negócios, Wagner Coppede, também entrou com seu know how de inteligência em reconhecimento facial.
Aliás, a empresa mostrou outro sistema já empregado nos Estados Unidos, o NeoFace Express, uma evolução da tecnologia NeoFace Watch. Trata-se de um sistema móvel, montado num totem com rodas e que é colocado na porta de embarque dos vôos, confirmando se aos passageiros que entram nos aviões são os listados pelo controle da companhia aérea. A inteligência em cruzar imagens com outros dados também está na base de outro sistema da empresa, o Super Resolution, usado para identificar placas de veículos em imagens de baixa qualidade.
Coppede lembra que a tecnologia já vem sendo empregada com sucesso no Japão e em Singapura e, no caso do Brasil, envolve os testes com placas nos padrões dos Detrans e já as do Mercosul (ainda restritas ao Rio de Janeiro). O DNA em soluções inteligentes também permeia a entrada da NEC, segundo ele, em projetos de cidades digitais, com foco em municípios com atratividade turística, onde a fabricante japonesa pode oferecer soluções de monitoramento de segurança com base em imagens e cruzamento de dados.