Por Nelson Valêncio – 06.12.2018 –
Fabricante brasileira lança terminal de linha óptica (OLT) totalmente nacional
Na semana passada fizemos uma visita à fábrica da Intelbras em São José (SC) para conhecer a linha de redes passivas ópticas em Gigabit, ou seja, equipamentos usados para ativar a infraestrutura de telecomunicações com capacidade acima de 1 Gbps. O que vimos foi uma planta organizada – filosofia japonesa – com foco na autonomia de equipes e inclusão de colaboradores. Na área de redes, a Intelbras mira cerca de 3 mil provedores regionais para quem entrega as peças que compõem a rede GPON: terminais na central, na área externa próxima ao usuário final e no usuário final e, agora também, uma série de passivos como cordões ópticos, splitters e adaptadores.
A novidade, no entanto, é a OLT8820 I, o terminal de linha óptica totalmente nacional, lançado oficialmente em setembro desse ano e que entra no mercado para ampliar a capacidade dos provedores, sem mexer necessariamente na ponta – nas unidades de rede óptica (ONU), dispositivos entre o cabeamento e os usuários – e os terminais de rede óptica ou OLT, instalados de fato na casa do assinante. A OLT, é claro, fica na central do provedor e é o equipamento mais complexo dessa arquitetura. Até a semana passada, a Intelbras já tinha entregue 200 das novas OLTs, que dobram a capacidade da geração anterior, com a vantagem de ter uma precificação facilitada por usufruir do Finame.
A estratégia da Intelbras envolve a oferta de uma OLT sem bloqueios para “conversar” com dispositivos na ponta, facilitando a substituição do legado. E isso independente de as ONUs e ONTs serem de outros fabricantes. Se os terminais na ponta forem da marca, a empresa amplia sua proposta de entregar dispositivos preparados para mudança (EPON e GPON), sem necessidade de troca. Adicionalmente oferece seu software de gerenciamento (SIG), que monitora a infraestrutura, avisando sobre eventos como rompimento de fibra óptica. Com o SIG, os provedores podem, inclusive, reduzir os gastos com mão de obra.
Unidade de redes produz 5 milhões de dispositivos/ano
De acordo com Amilcar Scheffer, diretor da Unidade de Redes da Intelbras, a empresa deverá atingir o primeiro posto no mercado de GPON no país, o que não é pouca coisa, considerando que entraram no segmento em 2015. Os novos equipamentos fazem parte de uma lista de 5 milhões de dispositivos vendidos anualmente no segmento de redes, dos quais 80% são fabricados no Brasil. Especificamente sobre a nova OLT, além de nacionalizada completamente e ter capacidade para até 1024 clientes, ela está direcionada para pequenos e médios provedores. Para 2019, o avanço no segmento GPON inclui, entre outros, uma nova ONU que ataca diretamente o mercado de produtos importados e de baixa qualidade.
É interessante entender como a fabricante catarinense – que tem unidades industriais em Santa Rita do Sapucaí (MG) e Manaus (AM) – conseguiu se posicionar no país. Susana Brockveld, diretora de Marketing, é quem conta a história, com o DNA de 23 anos como colaboradora, sendo os últimos dez anos em cargos de direção. “A mudança fundamental aconteceu no Governo Collor, na maior crise da companhia”. Segundo ela, o processo levou à redução do número de colaboradores de 1 mil para 150. Hoje, em contraste, são 3 mil, dos quais 2 mil em Santa Catarina e 300 alocados em marketing, uma área que acampa, inclusive, assistência, o que explica o alto percentual.
A crise dos anos 1990 levou os fundadores a buscar uma nova filosofia de gestão participativa e foco. O resultado disso é o claro entendimento do que a empresa faz: protege (sistemas de segurança como CFTV), conecta (redes) e aproxima (telecomunicações), além de energizar (no-breaks, fontes de energia e, proximamente, painéis solares). O que fica da visita? A ideia de uma empresa de portfólio complexo, mas com soluções simples. Ponto.
Nelson Valêncio é editor do InfraROI.