Nelson Valêncio – 17.01.2019 –
Pesquisa da Universidade de Princeton aponta tecnologias que mudariam a nossa visão a respeito das estações de tratamento de esgoto (ETEs)
Parece incrível, mas é possível que estações de tratamento de esgoto (ETEs) possam ser funcionar como uma espécie de depositório para gases de efeito estufa e para a captura de dióxido de carbono. A ideia seria usar essa infraestrutura que existe em praticamente qualquer cidade do mundo como um tanque de carbono e envolveria várias rotas tecnológicas. De acordo com o Jason Ren, professor de engenharia civil e de meio-ambiente do Andlinger Center for Energy and the Environment da universidade americana, a água pode ser um fator importante de redução do efeito carbono, ao lado dos transportes e da energia.
As possíveis formas de concretizar as ideias do pesquisador estão descritas no artigo Wastewater treatment plants can become sustainable biorefineries, algo como As ETEs podem tornar-se biorrefinarias sustentáveis, numa tradução livre. O material foi publicado na revista especializada Nature Sustainability em dezembro do ano passado, caso os leitores queiram verificar os detalhes das opções que podem mudar nossa visão do esgoto. Vamos pegar somente o exemplo de Nova York para ilustrar: a cidade tem cerca de 14 grandes ETEs, que juntas processam esgoto suficiente para encher 22 mil piscinas olímpicas. Por dia!
Só para adiantar, entre as tecnologias listadas estão a captura microbial eletrolítica de carbono, ou seja, a combinação de bactérias com cargas elétricas de baixa voltagem, que mudam a alcalinidade da água e, com adição de silicatos, podem converter o dióxido de carbono (CO2) em carbonato ou bicarbonato sólidos. Outra rota é a eletrossíntese microbial, parecida com a primeira, mas que usa apenas as bactérias para capturar o CO2 e transformá-lo em compostos orgânicos como etanol ou ácido fórmico.
Independente das alternativas, a pesquisa confirma a assertiva do segmento. Segundo os pesquisadores americanos, as concessionárias de saneamento urbano já vêm aplicando técnicas de redução do CO2, porém focadas nos equipamentos pesados usados nas ETEs. Nesse caso, a meta era torna-los, entre outras, coisas mais sustentáveis do ponto de vista de energia – segundo maior insumo pelo menos no Brasil – e diminuir as próprias emissões das plantas.