Rodrigo Conceição Santos – 26.04.2019 –
Um relatório da McKinsey & Company, programado para ser divulgado em maio, aponta que o nível de investimento em inovação é baixo no setor de construção. A média mundial, segundo o levantamento, é de 1% de investimento nesse quesito, o que é inferior a outras indústrias, como a farmacêutica, que investe cerca de 5%, de acordo com o anuário Valor Inovação Brasil 2018. O baixo investimento explica a pouca produtividade do setor.
Entre 1995 e 2015, um índice chamado como Tendência Mundial de Crescimento da Produtividade, mostra que o valor agregado por hora trabalhada por pessoa cresceu pouco mais de 60 pontos percentuais na construção civil. Em setores mais produtivos, como a manufatura, ele praticamente quadruplicou. No cômputo de toda a indústria, esse índice triplicou nos últimos 20 anos.
A perda de competitividade da indústria de construção frente a outros setores da economia tem levado governos de vários países a avaliar formas de incentivar a inovação e aumentar a produtividade do setor. Não é o caso do Brasil, que ficou ainda menos produtivo após a perda de condições financeiras das grandes construtoras com a Operação Lava Jato. Mas é o caso da Bélgica, China e Singapura.
Esses países adoraram políticas de incentivo à melhoria de produtividade, como obrigação de BIM em projetos públicos, metas de construção que utilizem pré-moldados, adoção de metodologias de produtividade nos projetos públicos e capacitação da força de trabalho.
Novo cenário brasileiro
Voltando para o Brasil, a perda financeira provocada pela operação judiciária também estimula a criação de um novo cenário, no qual empresas médias tendem a ocupar mais espaço, assim como alguns grupos internacionais, que costumam estar associados à empresas locais. Um parêntese importante, aliás, é que a construção é uma atividade local e assim funciona em todo o planeja, pelo simples motivo das peculiaridades regionais. Voltando à fragmentação do setor no Brasil, ele nos coloca em consonância com restante do mundo, que tem as 80 maiores construtoras representando cerca de 25% do mercado em cada país. Aqui as cinquenta maiores obtêm praticamente todo o faturamento do mercado, sendo que as top five abocanharam 39% do total em 2014.
Uma nova configuração brasileira, contudo, não seria, por si só, suficiente para alavancar o setor de infraestrutura. Outro ponto focal é a capacidade financeira do setor, que centralizado ou não, baixou a receita líquida de R$ 68 bilhões, em 2014, para R$ 27 bilhões, em 2017.
Nessa redução, as cinco maiores construtoras do país sofreram mais. As suas receitas respondiam por 39% desse total no início da crise financeira e passaram a representar 22% – desse bolo menor – em 2017. Para os analistas da McKinsey, essas empresas ainda estão em situação financeira difícil e alguns fatores são importantes para que voltem a operar normalmente e construir um pipeline de projetos. Entre eles estão os acordos de leniência.
Já as empresas médias foram relativamente menos afetadas pela crise e aumentaram a participação de mercado (frisando que de um mercado bem menor). Mas como elas têm limitações financeiras, precisam de melhores garantias e técnicas de mobilização para assumir grandes empreendimentos.