Juelinton Silveira – 07.06.2019 –
O Brasil se tornou o principal produtor agropecuário no mundo. Somos líderes mundiais na produção de soja, cana de açúcar, café, laranja, carne bovina, entre outros. Mas como expandir de forma sustentável, aumentar a produção e a qualidade dos produtos e ampliar as nossas exportações pelo mundo? A resposta está no próximo capítulo das tecnologias da informação e comunicação aplicadas na área rural, a Agricultura Inteligente.
Já passamos por várias Eras no que diz respeito à forma que trabalhamos e produzimos no campo. Tivemos a agricultura tradicional, onde utilizávamos a tração animal e humana e fazíamos as tarefas de forma completamente manual. Esta era uma agricultura com baixíssima eficiência, mas que alimentou o mundo durante muitos séculos. Nas últimas décadas, avançamos bastante e adotamos a força mecanizada, lançando mão de um grande e elaborado maquinário. Pudemos acelerar a produção, aumentar a qualidade e percorrer áreas imensas em pouco tempo. Estas máquinas depois evoluíram e passaram a utilizar GPS e outras formas de georeferenciamento, trabalhando praticamente sem a interferência humana. Este é o formato atual que alimenta mais de 7 bilhões de pessoas em nosso planeta.
Ainda estamos em expansão populacional, existem locais no mundo que até hoje perecem sem alimento e o planeta Terra mostra sinais de que já estamos exigindo demais. Precisamos de soluções inteligentes que supram as necessidades da sociedade. Afinal, junto com o aumento do número de pessoas, vem o aumento do consumo, a expansão da demanda por carnes, leite, vegetais e frutas, além da necessidade de atenção fundamental para o desenvolvimento sustentável. A grande questão é: como estabelecer uma relação mais equilibrada entre população, produção de alimentos e o ambiente?
Mais conexão, mais TIC e mais PIB
A nova Era da Agricultura será inteligente e de precisão, utilizando a infraestrutura da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), baseando-se na Internet das Coisas, em sensores inteligentes e plataformas na nuvem. No entanto, nada disso é possível sem a conectividade. Este é o principal fator que determinará se teremos a nova Agricultura no Brasil e se manteremos e expandiremos nossa liderança nas diversas áreas da agropecuária do mundo. Com a expansão da conectividade, quem sai ganhando é a sociedade. O relatório Digital Spillover, realizado pela Oxford Economics, demonstra que a cada 1 real investido em TIC, temos um resultado no PIB até 6,7x maior que se investirmos em outras áreas.
Mais conectividade significa melhoria na qualidade de vida das pessoas e possibilita tecnologias como cidades inteligentes, tecnologias aplicadas à segurança pública, habilitando ambientes comerciais ultra-eficientes, economia digital acelerada, desenvolvimento sustentável e a Agricultura Inteligente.
Não é segredo que é preciso promover diversas mudanças para atingirmos resultados tecnológicos no Brasil, país que tem vastas áreas desconectadas. Não é segredo também que o Brasil é um grande provedor agropecuário para o mundo. O agronegócio vem se modificando e modernizando, mas desafios ainda existem.
Um fator importante é a escolha da tecnologia que suporte a quantidade massiva de sensores no campo e suas conexões até a antena das operadoras, que possibilite a autonomia de bateria suficiente para diminuir o custo operacional e de controle, que tenha uma cobertura mais ampla necessária em áreas rurais e que, por fim, tenha um custo por módulo vantajoso. Usamos a tecnologia wireless já padronizada pelo 3GPP Narrow Band IoT (NB-IoT), hoje a mais robusta para conectar IoT no campo. O NB-IoT tem 20x a duração de bateria do LTE e cobertura 4x maior, pode suportar até 100.000 conexões por célula e tem um custo por módulo até 10 vezes menor.
Somente em Guansu, China tem mais de um milhão de animais conectados
Entre os feitos da Huawei em prol da conectividade rural, um interessante é o da Vaca Conectada, uma solução de IoT da Huawei que já funciona na China. É difícil identificar o período em que a vaca está fértil, pois normalmente o cio ocorre à noite. Por isso, um dispositivo foi fixado por meio de uma coleira no corpo das vacas, capaz de monitorar a atividade no pasto e enviar as informações via rede celular para um servidor que armazena os dados de comportamento dos animais. Isso significa que, por meio de uma coleira, conseguimos monitorar o período menstrual do animal – nessa fase, as vacas se movimentam mais e o dispositivo detecta a agitação -, maximizando a probabilidade de gravidez e aumentando assim a produção de leite. Em Gansu, na China, onde tem mais de um milhão de animais conectados, tivemos um aumento de 75% para 95% de assertividade na detecção do período fértil das vacas, algo que proporcionou mais rentabilidade ao produtor. Outra solução da Huawei que é interessante destacar é a de Fazendas e Estufas Inteligentes, capaz de fornecer sensores de umidade, controlador do efeito de sombra, sensor de luminosidade, sensor de dióxido de carbono. Tudo isso ligado à nuvem, com Big Data e Analytics.
É preciso focar em desenvolver a Agricultura Inteligente no Brasil, o que só é possível com a conectividade rural. Temos um desafio muito grande pela frente, mas o resultado tem tudo para ser gratificante. O Brasil é um país repleto de oportunidades para a implantação de soluções tecnológicas, que podem e devem abraçar as zonas rurais. Com isso, nosso objetivo é trazer inovações aptas a melhorar a qualidade de vida das pessoas, a produtividade no campo e a sustentabilidade – tudo isso por meio da conectividade.
Juelinton Silveira, diretor de Comunicação e Relações Governamentais da Huawei