Por Ricardo Hayashi – 02.08.2019 –
Não é de hoje que as notícias sobre os custos logísticos no Brasil não são animadoras. Desde o ano 2000 a Fundação Cabral, através do seu Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Logística, Supply Chain e Infraestrutura, realiza a Pesquisa de Custos Logísticos. Na primeira edição do estudo, os custos logísticos representavam cerca de 10,5% do faturamento bruto das empresas.
De lá para cá, esse percentual nunca diminuiu e, na última versão, divulgada em 2018, apresentou o maior índice, alcançando 12,37% do faturamento bruto das empresas brasileiras do setor industrial. Com isso, o Brasil apresenta o maior custo logístico entre as 20 principais economias do mundo.
Como reverter essa situação? Com inteligência de negócios, baseada na “Internet das Coisas”, ou IoT (Sigla do inglês “Internet of Things”), onde caminhões, equipamentos, sensores, câmeras e muitas outras “coisas” trocam informações em tempo real. A capacidade oferecida pelas tecnologias e sistemas de IoT para integrar todos esses dados, e os transformarem em inteligência com ferramentas de Data Analytics, é que vai garantir a eficiência da cadeia logística, reduzindo custos, flexibilizando trajetos, entre outras ações que gerem mais valor para o negócio.
Se antes as empresas não conseguiam integrar seus centros de distribuição ou gerenciar a frota de caminhões (própria ou terceirizada), esse cenário muda com a chegada das tecnologias de IoT. E, internamente, dispositivos localizados em diferentes unidades da empresa, ou mesmo de empresas diferentes, também trocam informações em tempo real sobre compras e estoque, otimizando a logística em toda a cadeia de suprimentos. Assim, a integração entre todas as etapas da cadeia produtiva são automatizadas e ganham inteligência.
O impacto da IoT no transporte logístico
E como o transporte é um dos maiores gargalos da logística, diversas soluções de IoT têm sido desenvolvidas para otimizar a sua gestão. Os dados enviados pelos sensores ampliam a capacidade de análise e tornam o processo de tomada de decisão mais assertivo, baseado não apenas na experiência dos gestores, mas principalmente em dados confiáveis sobre o desempenho dos ativos, condições das estradas, trânsito, monitoramento da saúde dos veículos ou comportamento dos motoristas, entre outras variáveis.
As equipes dos centros de controle de operações, por exemplo, ganham a capacidade de tomar decisões rápidas e assertivas, já que todos os processos – rota percorrida, tempo de direção, acidentes, temperatura da carga, perfil do condutor, uso de combustível e de pneu – são monitorados em tempo real.
Outra área que atinge um novo patamar com a adoção das soluções de IoT é a manutenção da frota, onde os sensores enviam dados sobre o estado do motor e notificam automaticamente os gerentes de frota sobre possibilidade ou ocorrência de danos ou falhas/panes, permitindo o agendamento de manutenções preditivas e preventivas.
Além disso, essas informações, quando transformadas em insights, podem ser usadas para limitar o desgaste do motor, reduzir os tempos e números de paradas pela necessidade de manutenções corretivas ou desnecessárias, aumentar a média de quilômetros percorridos por litro e, indiretamente, reduzir as emissões de CO2.
Assim, com todos esses dados, a empresa pode manter um histórico sobre cada veículo da frota, das rotas utilizadas para as entregas, e dos respectivos motoristas, viabilizando análises de desempenho, detecção de intercorrências, levantamento de rotas que provocam muitas perdas (sejam por sinistros, ou por danos nos produtos transportados ou manutenções recorrentes nos veículos), e, claro, reduzir custos e otimizar as entregas, gerando mais valor para os negócios e para os clientes.
A grande lição é que, apesar dos desafios na implementação de novas tecnologias, os benefícios que podem ser alcançados com a adoção da IoT superam todas as dificuldades. As empresas precisam criar uma agenda de inovação e buscar parceiros confiáveis e com a expertise necessária para seguirem juntos nessa jornada.
Por Ricardo Hayashi, responsável por produtos para Conexões Inteligentes