Nelson Valêncio – 23.09.2019 –
Tecnologia já foi testada em operadora norte-americana e pode ser ativada em infraestrutura nova ou legada
A norte-americana Infinera, que se define como uma fornecedora de soluções fim-a-fim para redes de transporte de pacotes ópticos, tem 40 anos de atuação e uma herança das empresas que adquiriu, caso da Tellabs e, mais recentemente, da Coriant. Agora, ela acaba de lançar a XR optics, “a primeira tecnologia do setor de agregação de subportadoras ópticas coerente ponto-multiponto, otimizada para padrões de tráfego de tipo hub-and-spoke”, de acordo com a divulgação oficial da companhia. Para entender melhor o assunto, falamos com Andres Madero, diretor de Arquitetura para Provedores de Serviços e de Desenvolvimento de Negócios da Infinera da América Latina.
Sem entrar em detalhes técnicos, vamos focar na explicação de Madero para a mudança: a nova tecnologia é uma opção ponto-multiponto e não ponto a ponto como as ofertas tradicionais. Com ela, temos um ponto central transmissor que pode atender vários pontos receptores, o que elimina a relação um para um (um transmissor para cada receptor), com os custos inerentes de ativos de rede. Com a ativação de um único ponto central, as operadoras economizam na alocação de equipamentos, de energia para alimentá-los e custos de locação.
Os números da Infinera indicam que o Custo Total de Propriedade (TCO, da sigla em inglês) podem ser reduzidos em 76% em cinco anos. De onde veem esse o valor acima de 70% na diminuição dos custos de rede? Da aplicação real em campo da tecnologia, testada em uma operadora norte-americana. Madero avalia que os números podem variar, mas acredita que a redução seja ainda maior para as operadoras de telecomunicações no Brasil e na América Latina. Ah, os provedores regionais ou ISPs, as operadoras de menor porte, não ficam fora da tecnologia e são alvo da companhia.
Ainda sobre a redução de custos: se não é necessário manter pontos múltiplos de agregação, inclusive com demanda de ar condicionado para a operação de equipamentos sensíveis, as operadoras podem substitui-los por dispositivos passivos que não tem o mesmo tipo de exigência. O mesmo acontece com as demandas de manutenção. Com a retirada de equipamentos ativos e complexos de campo, as prestadoras de serviços podem monitorá-los e, dependendo da configuração, fazer correções remotas, sem necessariamente o envio de equipes.
Granularidade permitiria avanço da rede de acordo com demanda de tráfego
E a rede legada? De acordo com Madero, a XR Optics pode ser aplicada tanto em infraestrutura nova como na rede já existente das operadoras. E de forma modular, permitindo o avanço de acordo com a demanda de tráfego. Essa flexibilidade, aliás, facilitaria a futura expansão da rede para atender os serviços de 5G, por exemplo. O executivo aposta ainda na granularidade da tecnologia, que pode ser ampliada gradativamente em capacidades de 25 G. Com isso, as operadoras que têm redes com 100 G não precisariam necessariamente dobrar essa capacidade, mas evoluir a infraestrutura de forma gradual.
A interoperabilidade da XR Optics com a rede legada de várias operadoras também seria facilitada, segundo Madero, pelos 40 anos de experiência da companhia na área de fotônica, uma herança que facilita o entendimento das redes ópticas atuais e permite a transição sem grandes atropelos para a realidade de maior demanda de tráfego. No Brasil, o avanço, aliás, acontece com base na estrutura já estabelecida da Coriant e da Tellabs, o que somaria 15 anos de contato com as operadoras locais.