Desconhecimento e dificuldades financeiras atrasam automação nos canteiros de obras

Rogério Vitalli (*) – 05.02.2020 –  Diretor do Instituto Avançado de Robótica vê ritmo lento na aplicação de novas tecnologias no setor, mas entende que é um caminho sem volta. Embora as tecnologias de automação dos canteiros de obras já estejam disponíveis, a Construção Civil brasileira ainda utiliza, de uma forma geral, as mesmas técnicas […]

Por Redação

em 5 de Fevereiro de 2020

Rogério Vitalli (*) – 05.02.2020 – 

Diretor do Instituto Avançado de Robótica vê ritmo lento na aplicação de novas tecnologias no setor, mas entende que é um caminho sem volta.

Embora as tecnologias de automação dos canteiros de obras já estejam disponíveis, a Construção Civil brasileira ainda utiliza, de uma forma geral, as mesmas técnicas aplicadas no setor no final do século passado. Inteligência Artificial (IA), Big Data, Block Chain, Internet das Coisas (IoT) e robótica ainda estão distante da realidade do setor no Brasil.

Tenho visitado diversas empresas e canteiros de obras e me surpreendido com o ritmo lento da aplicação de novas tecnologias. O principal problema é que as empresas do setor ainda estão com dificuldades, depois de passarem por uma das piores crises econômicas que atingiu o país. Mas o desconhecimento também é grande. Enquanto no Japão, Alemanha, entre outros países, os robôs assentam tijolos, rebocam paredes, aqui são os trabalhadores que fazem esse serviço. E quando falamos disso, vemos surpresa nas pessoas.

As tecnologias que vêm impactando as mais diversas áreas da indústria, causando grandes transformações no mercado profissional e na vida das pessoas no mundo todo, também são aplicáveis no ramo da construção, mas não são usadas no Brasil. São sistemas que podem ser aplicados em inúmeras tarefas e atividades complementares de gestão de pessoas, processos e qualificação. A transformação nesse setor é ainda incipiente.

Apesar da lentidão na chegada dessas tecnologias, a modernização é inevitável e haverá uma renovação de cargos nas empresas, em muitos casos o desemprego. Não podemos ser hipócritas em afirmar que isso não ocorrerá. Todavia, não será por causa da tecnologia e sim devido à mão de obra que está obsoleta. Então, veremos um processo de reinvenção do emprego, com a qualificação dos profissionais que irão operar equipamentos e sistemas.

* Rogério Vitalli é do diretor executivo de Tecnologia do I.A.R (Instituto Avançado de Robótica). Ele integra o Conselho Consultivo da Smart.Con – fusão entre summit e mostra de produtos e serviços, com foco em tecnologia e inovação para os setores de Engenharia, Infraestrutura, Real Estate e Rental. A primeira edição do evento acontece nos dias 17 e 18 de junho no São Paulo Expo.