Nelson Valêncio – 14.02.2020 –
Avaliação é da PCA, associação dos fabricantes de cimento dos Estados Unidos, que fez um balanço do setor durante o World of Concrete 2020
Os investimentos em infraestrutura devem aumentar nos Estados Unidos nos próximos anos, independente da agenda de quem vencer as próximas eleições que acontecem em novembro. Essa é a avaliação de Ed Sullivan, economista chefe da PCA, a associação que congrega os fabricantes de cimento norte-americanos. A ligação entre cimento e infraestrutura é óbvia, considerando que o insumo é uma das principais matérias primas da produção de concreto. A apresentação de Sullivan aconteceu na semana passada, em Las Vegas, durante a edição 2020 do World of Concrete (WOC).
Por mais que seja focada nos Estados Unidos, a análise da PCA é interessante para entender os fatores que influenciam o consumo de cimento, inclusive o investimento público. De acordo com Sullivan, o principal aporte público americano entre 2014 e 2018 foi feito na construção de estradas e rodovias de alto tráfego. Só essa área representou 28% dos gastos. Para o período de 2019 a 2024, o economista avalia que o percentual sobe para 31%, o que deve ser uma perspectiva ótima para os produtores de agregados dos Estados Unidos. Nota: o economista é apontado como um dos analistas com mais precisão em suas avaliações.
Investimento público em rodovias deve aumentar entre 2019-24
A média de investimento público norte-americano no setor residencial continua nos 28% dos últimos anos, mas o aporte em prédios cai de 23% para 19%, indicando ser a área que mais se retrairá. Sullivan aponta ainda o potencial de um novo programa “significante” com a integração de fundos privados em investimentos de infraestrutura nos Estados Unidos. A avaliação vale para quem vencer as eleições, seja Trump ou não.
A PCA também avalia o consumo de cimento a curto prazo, de olho nos mercados que o consomem. A curva acompanha a tendência do setor de construção. No ano passado, o volume comercializado estava no patamar dos 100 milhões de toneladas métricas, devendo saltar para 120 milhões de toneladas métricas nesse ano e cair para o nível de 70 milhões de toneladas métricas em 2021. Em 2022, a tendência de crescimento seria retomada, com a volta do patamar de 100 milhões em 2024.
Regionalmente, o maior crescimento deve acontecer nas regiões sul e ocidental do país, que atrai uma população relacionada a atividades de alta tecnologia e também aposentados. São mercados dinâmicos do ponto de vista de emprego e onde há crescimento da população. Já a região noroeste e dos Grandes Lagos têm uma demografia mais envelhecida e poucos hubs industrializados. Há uma deterioração do volume populacional, o que influi no consumo de cimento. As demais regiões ficam na média.
O jornalista Nelson Valêncio, editor do InfraROI, esteve na WOC 2020 a convite da organização do evento.