Lixo poderia abastecer frotas de ônibus metropolitanos e mais

Redação – 06.03.2020 –  Na avaliação da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, se todos os resíduos urbanos orgânicos (biodegradáveis) fossem reciclados e passassem por um processo de biodigestão anaeróbica, produzindo biometano, seria possível abastecer 90% da frota de ônibus urbano e 100% dos caminhões de coleta de lixo no Brasil. Segundo Yuri Schmitke […]

Por Redação

em 6 de Março de 2020

Redação – 06.03.2020 – 

Na avaliação da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, se todos os resíduos urbanos orgânicos (biodegradáveis) fossem reciclados e passassem por um processo de biodigestão anaeróbica, produzindo biometano, seria possível abastecer 90% da frota de ônibus urbano e 100% dos caminhões de coleta de lixo no Brasil.

Segundo Yuri Schmitke A. Belchior Tisi, presidente da Abren, estima-se também, que se o Brasil destinasse 35% dos rejeitos para usinas de incineração mass burning, que de outra forma iriam para os aterros, seria possível gerar aproximadamente 1.300 GWh/mês, montante suficiente para o consumo de 3,29% da demanda nacional de energia elétrica.

O assunto será debatido em congresso no mês de abril, onde Yuri será palestrante, apontando oportunidades de mercado, entre outras questões. Somente o Estado de São Paulo, por exemplo, teria um potencial de receber investimentos de até R$ 145 bilhões nessa área nos próximos 12 anos e o especialista defende que o Brasil já tem as condições jurídicas, regulatórias e institucionais para atrair esses aportes. “Entretanto, é necessário, em primeiro lugar, orientar melhor os municípios para que eles façam uma gestão ambientalmente adequada dos resíduos, adotem uma gestão integrada e sustentável. Se isso ocorrer, o caminho inevitável será aproveitar o grande potencial energético dos resíduos sólidos urbanos, domésticos, hospitalares ou industriais, como provam as melhores práticas internacionais na Europa, Estados Unidos, Japão, China, Índia e Coreia do Sul”, diz.

Apesar disso, o País ainda precisa promover mudanças na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei 12.305/2010. “A legislação tem artigos que não apontam com clareza a adoção das tecnologias de recuperação energética e que colocam, por outro lado, os aterros como solução ambientalmente correta”, contesta Yuri. “No mundo todo, e também para a ciência ambiental, o aterro é considerado a última e evitável opção, já que traz risco de contaminação do solo e dos corpos d´água e é um dos grandes emissores de metano na atmosfera, gás de efeito estufa considerado 25 vezes mais poluente que o CO2 e que representa 11% das emissões mundiais se considerados os resíduos orgânicos urbanos e animais (esterco de aves, suínos e gados)”, explica.

A Abren apresentou ao Congresso Nacional proposta de mudança à lei para incluir as tecnologias de recuperação energética na ordem de prioridades do gerenciamento, antes da última opção, o aterro, conforme as diretivas da União Europeia e do 5º Relatório do IPCC (2011), o Painel Climático das Nações Unidas”. “Também pedimos a inclusão de dispositivo que determina que os resíduos sólidos urbanos que não forem reciclados ou processados por meio da compostagem sejam prioritariamente destinados ao tratamento térmico em substituição aos aterros”.

Serviço:
Evento Ecoenergy 2020
Data: de 14 a 16 de abril
Horários: Congressos – 9h às 18h | Feira – 13h às 20h
Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center
Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 — São Paulo/SP
http://feiraecoenergy.com.br/16/