Redação – 20.04.2020 –
Especialistas avaliam o cenário pós-coronavírus, inclusive plano de obras pós-crise e pacote de concessões
A recuperação econômica do Brasil deve passar novamente pela infraestrutura. Os investimentos no setor foram discutidos na semana passada no seminário virtual Impactos e Perspectivas Pós Coronavírus no Setor da Construção e no Segmento de Locação de Equipamentos, promovido pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) e a Associação Nacional dos Sindicatos e Representantes de Locadores de Máquinas, Equipamentos e Ferramentas (Analoc).
De acordo com o evento, a área de infraestrutura terá um papel fundamental para minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus no Brasil. O caminho? Fortalecer os investimentos públicos na área para estimular novos recursos privados nacionais e internacionais, fomentar a geração empregos e renda e movimentar a economia, na avaliação do economista Luís Artur Nogueira.
Os dados positivos são que o pacote de obras pós-crise do governo, que engloba 70 projetos no modal de transporte – rodovias, aeroportos, ferrovias e portos -, com montante estimado de R$ 30 bilhões. Além disso, está mantido o cronograma de concessões para o segundo semestre, que inclui 44 projetos e R$ 101 bilhões em recursos.
Nogueira, no entanto, levantou alguns desafios, entre elas a oscilação cambial, que gera incerteza tanto para os investimentos estrangeiros como para a cadeia produtiva, que depende, em algumas situações, de importações de matéria-prima, produtos e equipamentos. Outros pontos apontados referem-se à participação do BNDES e a mudança de premissas para realizar as concessões.
“Em um ambiente recessivo, não é possível prever quantos carros passarão em um pedágio”, disse Nogueira, que avaliou ainda que haverá um aumento da dívida pública em decorrência das ações que estão sendo feitas para superar o atual cenário. Porém, é imprescindível que o gasto seja feito de forma inteligente. “E o investimento em infraestrutura é uma dessas saídas porque já há uma percepção do governo que se não houver o aporte público, não terá o privado”.
Saneamento mostra oportunidade, mercado imobiliário não está paralisado
Em termos de oportunidades, o destaque de Nogueira é a área de saneamento, que é parte da infraestrutura, mas também beneficia a área da saúde. “É preciso investir nessa área porque o governo, certamente, vai economizar em saúde nos anos seguintes”, ressaltou.
De acordo com o economista, no segmento imobiliário, a crise deve ser mais curta com um impacto menor, uma vez que a construção civil está entre os setores que estão em funcionamento, em diversos estados no país. Além disso, o segmento vinha em franca recuperação nos últimos meses, em especial na área residencial, com lançamentos expressivos em 2019 que fomentaram os lançamentos neste ano.
Para Reynaldo Fraiha, presidente da Analoc, a curva da retomada tende ser mais rápida do que a crise pelo qual o Brasil acabou de passar. “Superamos um momento desafiador e já entramos em um cenário global de crise. Assim, nesse momento, nossa entidade tem um papel de extrema importância por ser um canal de comunicação com outras entidades para trazer democratizar a informação e ter maior interatividade com todas as empresas e profissionais”.
Já Afonso Mamede, presidente da Sobratema, ressaltou o papel da associação ao longo dos anos em compartilhar informações e conhecimento como forma de auxiliar no desenvolvimento do mercado, das empresas, da sociedade e das pessoas. “Vivemos na era do Big Data, com números nos auxiliando no planejamento e no controle de nossas atividades. Porém, a pandemia nos colocou em uma verdadeira montanha russa. Desse modo, como devemos agir agora, no médio ou longo prazos? Certamente, os indicadores, a informação qualificada e a avaliação de especialistas podem apontar cenários e colaborar com nossas decisões”.