10Redação – 08.06.2020 –
Em maio, foram vendidas 4,8 milhões de toneladas de cimento. O volume é 3% superior ao mesmo mês do ano passado e sequencia o crescimento de igual proporção registrado pelo Sndicado Nacional da Indústria do Cimento (Snic) em abril. Considerando as vendas por dia útil do mês de maio, o aumento foi ainda maior: 9,7%, ou 212 mil toneladas por dia.
O resultado, classificado como “surpreendente até o momento“ pelo Snic, não exime o setor de preocupações. “Estes números estão sob o efeito da continuidade das obras imobiliárias formais, conforme demostram estudos de entidades ligadas ao setor, dos reflexos das medidas de auxílio emergencial familiar por parte do governo, além do uso de reservas pessoais (poupança) para pequenas obras e reformas“, informa a entidade.
Esses fatores, somados a uma inflação baixa, tem sustentado a massa salarial, o que, aliado ao fato das pessoas permanecerem mais em casa, impulsionou a chamada autoconstrução, realizadas pelo proprietário. “Isto é corroborado por pesquisas que mostram que as lojas de materiais de construção tiveram uma queda brusca em março, mas desde então se recuperam, atingindo em maio níveis de vendas pré-Covid-19“.
Outro fator considerado é que, após um início de ano bastante chuvoso, os meses de abril e maio foram excepcionalmente secos e muito das vendas do cimento que haviam sido represadas no começo do ano pelo varejo e pelas construtoras escoaram no período. “Os resultados são surpreendentes até o momento, mas nada ilusórios a longo prazo, conforme aponta a significativa queda do PIB da Construção Civil no primeiro trimestre, de 2,4%, segundo o IBGE. As vendas estão sendo sustentadas, em sua grande maioria, pelo mercado imobiliário residencial e isto impõe cautela do setor para o futuro. Precisamos diversificar a fonte de consumo, principalmente com a retomada das obras de infraestrutura. Só assim conseguiremos destravar a baixa demanda e reduzir o prejuízo dos últimos anos”, diz Paulo Camillo Penna, presidente do Snic.
Para a entidade, o cenário futuro é preocupante e por isso ela tem alertado o governo federal quanto a necessidade de disponibilização de crédito, que até o momento não chegou as micros, pequenas e médias empresas, minando a capacidade de recuperação e reduzindo as vendas de cimento e demais materiais de construção.
“Além disso, se não houver a renovação do auxílio emergencial do governo o poder de compra da população tende a cair, junto com a massa salarial e o consumo. Ainda temos o aumento do desemprego, que encerrou abril com o índice de 12,6%, segundo o IBGE“, informa.
“Por fim, se também analisarmos os fatores mais próximos da cadeia de valor, observamos, no primeiro trimestre do ano, uma redução de 15% nos lançamentos de projetos imobiliários, em comparação com o mesmo período de 2019 e um recuo de 69% se comparado ao quarto trimestre do ano passado“, conclui.