Digitalização avança nos canteiros de obra

Nelson Valêncio – do InfraDigital  – 01.07.2020 Experiência do Sienge indica que os recursos já utilizados no backoffice caminham agora com mais força para o próprio canteiro de obras  A pandemia do novo coronavírus não paralisou a construção civil, considerada uma atividade essencial, mas impôs uma série de restrições nos canteiros e nos escritórios das […]

Por Redação

em 1 de Julho de 2020

Nelson Valêncio – do InfraDigital  – 01.07.2020

Experiência do Sienge indica que os recursos já utilizados no backoffice caminham agora com mais força para o próprio canteiro de obras 

A pandemia do novo coronavírus não paralisou a construção civil, considerada uma atividade essencial, mas impôs uma série de restrições nos canteiros e nos escritórios das empresas do setor. No caso das construtoras imobiliárias, a Covid-19 intensificou iniciativas de digitalização, que vão desde a assinatura virtual de contratos, até uma venda agressiva via redes sociais. Para quem conhece os bastidores da construção, do ponto de vista de um parceiro de tecnologia da informação, a digitalização não começou ontem e vem evoluindo. É o caso da Softplan, dona da marca Sienge, plataforma de gestão especializada no setor. Há três décadas ela vem sendo usada no segmento e hoje contabilizaria cerca de 3,2 mil clientes ativos.

Conversamos com Rodrigo Campos, gerente de Produto do Sienge há duas semanas e o especialista destacou que a ferramenta é nativa do setor e pode ser entendida como uma plataforma que faz as vezes de um ERP especializado e que vem agregando recursos por meio de parcerias com várias statups. Um exemplo recente é uma solução que permite ao gestor do canteiro imprimir uma espécie de ordem de serviço das etapas construtivas em campo, a partir de um totem instalado na própria obra. A iniciativa aumenta o aspecto industrial dos novos canteiros, reduz a possibilidade de erros e provavelmente amplia a produtividade ao permitir o controle de detalhes do empreendimento.

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Campos acredita que o formato de plataforma do Sienge deve avançar incorporando outras soluções – internas e por meio de parcerias – com o modelo de negócios de software como serviço (SaaS), onde a remuneração dos parceiros é feita a partir do uso dos aplicativos. O formato bem resolvido na verdade é uma evolução da primeira fase do Sienge, nascido como uma solução que deveria ser instalada – usando CD-ROM – no computador das construtoras e que tinha recursos gráficos limitados. Do desktop, a plataforma foi para a web e a onda futura deve incorporar recursos avançados como os de inteligência artificial (AI).

“O Sienge é uma solução especializada que integra vários pontos do segmento, incluindo etapas iniciais como a aquisição, construção e estoque, e fases na final da cadeia, caso do controle de recebíveis”, resume Campos. Ele lembra que características específicas do financiamento de imóveis explicam o sucesso da plataforma. Os ERPs tradicionais do mercado, não teriam a flexibilidade de entender o malabarismo financeiro e tributário do Brasil. Para uma solução que atravessa a construção civil como um todo, o processo fica mais fácil. Com um pé consolidado nessas etapas, a gestão usando recursos digitais agora caminha para os canteiros de obras.

Campos lembra de uma visita a um deles recentemente e o que ele viu ilustra e acena positivamente: um tablet ao lado de vários insumos comuns de construção. Ou seja, informações de controle da obra – recebimento de materiais, cronograma do empreendimento – certamente são atualizados online, integrando a frente de batalha com o pessoal de escritório. O resultado são compras mais eficientes, entre outras melhorias, pois o processo está baseado em dados atualizados. Essa orquestração tem um resultado prático segundo a experiência com o Sienge e há exemplos reais de redução de custos na ordem de 15%.

Embora seja uma plataforma usada majoritariamente pela construção imobiliária – cerca de 95% dos clientes – o Sienge também é adotado em obras de infraestrutura, incluindo obras de mobilidade urbana e saneamento. Campos lembra que o aquecimento do uso de recursos digitais teve um pico no biênio de 2012-13, mas avalia que o processo tende a avançar mais rápido, principalmente porque os tempos pós-pandemia vão exigir um controle ainda mais estrito dos custos nas obras.

O InfraDigital é uma iniciativa conjunta dos sites InfraROI e IPNews focado no conceito de Infratech, ou seja, tecnologias digitais aplicadas no universo de infraestrutura.