O protagonismo do “I” do BIM no setor de saneamento

Marcus Granadeiro (*) – 05.10.2020 –  O BIM (Building Information Modeling) dentro do contexto do saneamento é muito mais amplo do que aplicá-lo em partes do processo, como nas estações elevatórias e de tratamento. Ele deve ser visto como um sistema, integrando seus elementos, e quando conectado a outras estruturas da cidade, podemos incluí-lo dentro […]

Por Redação

em 5 de Outubro de 2020

Marcus Granadeiro (*) – 05.10.2020 – 

O BIM (Building Information Modeling) dentro do contexto do saneamento é muito mais amplo do que aplicá-lo em partes do processo, como nas estações elevatórias e de tratamento. Ele deve ser visto como um sistema, integrando seus elementos, e quando conectado a outras estruturas da cidade, podemos incluí-lo dentro do conceito de cidade inteligente.

Esta visão vem sendo consolidada nos últimos anos e formalizada na publicação da ISO 19.650, lançada no final de 2018. Esta norma conceitua o processo BIM dando ênfase à gestão da informação e ao seu fluxo, tanto dentro do ciclo dos empreendimentos, quanto na visão sistêmica. Nesta linha, os smart buildings formam os smart cities.
Esta mudança não aconteceu de forma abrupta. Novas tecnologias e conceitos foram aparecendo e transformando essa mudança trazida por frentes inovadoras que emergiram, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, Digital Twin e Big Data, que permitiram esse salto nas ambições do BIM.
Embora audaciosa, a ideia é simples: o benefício do BIM será maior à medida em que houver um volume amplo de fluxo das informações. Os dados das edificações, tanto os estáticos, quanto os dinâmicos, estes gerados pelos sensores de IoT, formam o que se chamamos de Big Data. A análise desta massa de dados apoia na tomada de decisão é uma das aplicações da Inteligência Artificial.
E podemos ampliar o uso da informação com a adoção dos gêmeos digitais, que podem ser usados tanto para as edificações quanto para os sistemas. Trata-se de uma garantia de otimização na operação, pois é possível realizar simulações e entender plenamente o comportamento do mundo real. Os gêmeos digitais, quando conectados em tempo real, deixam o conceito de documentos “as built” (ou, “como construído”) obsoleto, pois entregam o “as is” (ou, “como está”). Para um sistema de saneamento, que é dinâmico por natureza, torna-se uma iniciativa extremamente útil.
Outra tecnologia que passa a ser tão importante quanto os softwares de modelagem BIM é o CDE (Common Data Environment, ou, em português, ambiente de dados comum). Ele tem o objetivo de controlar o processo e o fluxo da informação, sendo uma fonte única usada para coletar, gerir e trocar informações que estão em vários formatos, tais como modelos, desenhos, planilhas e banco de dados, entre outros. O objetivo é trazer produtividade e evitar erros e duplicidade de informação.
Estas novas tecnologias e conceituações elevam a importância do “I” do BIM, trazendo mudanças que tornam essa metodologia ainda mais aderente às necessidades da área de saneamento. Assim, pensar em apenas utilizar o BIM como ferramenta para construir e manter elementos do sistema de forma isolada é um avanço em relação ao cenário atual. Porém, vale dizer que essa condição é pensar muito pequeno em relação às possibilidades que existem neste conceito.
* Marcus Granadeiro é presidente do Construtivo.