Carlos Eduardo Sedeh – 17.11.2020 –
Próxima mexida no setor envolve a venda da área de infraestrutura da Oi, que poderá arrecadar R$ 20 bilhões
A venda da subsidiária de telecomunicações da Copel, que ocorreu no início deste mês, trouxe diversos pontos positivos, entre eles, o valor alcançado após um acirrado leilão, que foi mais do que o dobro da expectativa inicial, chegando a R$ 2,4 bilhões. Fato que, além de ser um grande feito para a empresa em si, também foi positivo ao trazer uma demonstração do apetite do mercado quando nos referimos a empresas detentoras de infraestrutura de fibra.
Avaliando por esse prisma, a unidade produtiva da Oi – a InfraCo. – que passará em breve por um processo de desinvestimento, tem tudo para superar, facilmente, o valor que é esperado para o leilão, cerca de R$ 20 bilhões. Até porque sua UPI possui aproximadamente 400 mil quilômetros de fibra óptica e perto de 7 milhões de HPs (casas passadas), além de uma operação de fibra que se chega perto de 2 milhões de clientes e tem crescido em uma velocidade acelerada, enquanto a Copel Telecom tem menos de 10% dessa rede e é significativamente menor em termos de casas passadas e clientes atendidos.
A valorização dos ativos de fibra óptica tem fundamento, uma vez que esse é o meio físico que levará a sociedade ao 5G, Inteligência Artificial, Internet da Coisas, Smart Cities e muitos outros avanços intrínsecos à jornada de digitalização da sociedade.
Além disso, o momento do setor de fibra é singular. Há demanda por capital e tecnologia, e certamente o mercado abarcará recursos e empresas nacionais e internacionais, de diversos portes, para que se possa chegar nos objetivos de expansão e disponibilidade de redes ao longo do país.
E espaço não falta. A venda da Copel foi mais uma prova de que há ambiente vasto para entrantes no mercado de Telecom. É fato que as operadoras incumbentes fizeram o importante trabalho de propagar a internet no país, desde o princípio, com suas redes legadas de cobre. Mas com o advento da fibra óptica, esse papel foi complementado pelas empresas desafiadoras – as chamadas competitivas. Em muitos casos, essas companhias menores se tornaram protagonistas, pois foram – e ainda são – as únicas que chegaram a lugares mais isolados, fora dos grandes centros urbanos.
No caminho de digitalização do país há espaço tanto para grandes empresas, quanto para os Prestadores de Pequeno Porte (PPP), além de novos players e fundos de investimentos como o Bordeaux, que adquiriu a Copel Telecom. Os desafios são bastante grandes e demandarão novos arranjos, empresas e capital.
Nesse momento, em que o mundo está vivendo um período de liquidez sem precedentes, o capital vai mesmo precisar correr mais riscos para encontrar melhores retornos. E é por isso que acredito que o leilão da UPI de fibra da Oi, tem tudo para ser um sucesso absoluto e um marco para as empresas de infraestrutura neutras/independentes. O futuro passará pela infraestrutura de Telecomunicações, com destaque para as fibras ópticas.
Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom e vice-presidente Executivo da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas).