Smart Grid: Tarifa Horária beneficia consumidores e concessionária

Ricardo Hayashi (*) – 23.03.2021 –  Apesar de o sistema de tarifação de energia elétrica brasileiro possuir diversas modalidades que permitem ao consumidor compreender seu perfil de consumo e optar pelo sistema que melhor atenda suas necessidades, a maioria dessas modalidades tarifárias segue desconhecida, tanto por parte das empresas como de usuários residenciais. Em tempos […]

Por Redação

em 23 de Março de 2021

Ricardo Hayashi (*) – 23.03.2021 – 

Apesar de o sistema de tarifação de energia elétrica brasileiro possuir diversas modalidades que permitem ao consumidor compreender seu perfil de consumo e optar pelo sistema que melhor atenda suas necessidades, a maioria dessas modalidades tarifárias segue desconhecida, tanto por parte das empresas como de usuários residenciais.

Em tempos de crise e redução de custos, a conta de energia tem um peso significativo no orçamento e, nesse sentido, conhecer o perfil de consumo para realocar o uso de energia para períodos fora de ponta, aqueles com menor consumo de energia na área de concessão, é indispensável.

No entanto, para se obter uma análise precisa desse cenário, é necessário levar em conta as diferentes bandeiras tarifárias aplicadas hoje no Brasil, que nada mais são do que os custos reais da geração de energia elétrica repassados ao consumidor, calculados de acordo com as condições de operação do sistema de geração, que sofrem influência direta do clima e do volume de água dos rios.

Bandeiras Tarifárias

Desde 2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) instituiu três diferentes bandeiras tarifárias que determinam quando e de que maneira haverá repasse às contas de energia. A bandeira verde, por exemplo, sinaliza que as condições para geração de energia são favoráveis, não havendo, portanto, acréscimos. Já a bandeira vermelha é considerada a mais crítica, revelando um cenário desfavorável. A amarela, por sua vez, representa um panorama controlado, porém, não totalmente favorável.

Ainda que a variação tarifária das bandeiras não dependa, propriamente, do usuário, é possível que o consumidor adote um comportamento mais consciente de acordo com a situação das hidrelétricas. Assim, se já há uma dificuldade em disponibilizar energia, devido a intempéries climáticas, o consumidor pode evitar sobrecargas e colaborar para manter o fornecimento em patamares normais.

Modalidades Tarifárias

Diferente das bandeiras, contudo, estão as modalidades tarifárias, que, aí sim, permitem ao consumidor estabelecer um padrão de consumo que o favoreça na hora de pagar a conta. Para avaliar e enquadrar o usuário nessas modalidades, as companhias de energia os classificam em grupos, definidos de acordo com o nível de tensão em que são atendidos pelas distribuidoras de energia. Atualmente, existem dois grupos, sendo A e B.

Consumidores do grupo A são representados por média e alta tensão, normalmente indústrias, hospitais ou empresas de grande porte. Já o B engloba tanto as residências quanto pequenos comércios e edifícios. Para cada um deles, podem ser aplicadas duas diferentes modalidades de tarifa.

Para o grupo A, as cores verde e azul determinam valores diferentes de acordo com horários de utilização de energia. Enquanto a verde contabiliza horas de utilização do dia para aplicar as tarifas, a azul determina valores diferentes para horários de menor demanda.

Para o grupo B, é a tarifa branca que permitirá pagar menos pelo uso da energia em horários fora de ponta, tais como fins de semana e feriados, enquanto a tarifa convencional monômia não faz distinção de horas ou dias.

Para aderir às opções diferenciadas de tarifa é necessário formalizar uma solicitação junto às concessionárias que, por sua vez, enfrentam grandes dificuldades em fazer um gerenciamento adequado de consumo, principalmente, em locais de difícil acesso para enviar leituristas.

A substituição de medidores eletromecânicos por inteligentes, medida ainda não obrigatória, poderia não só permitir a aplicação de diferentes modalidades de tarifa, inclusive para localidades mais afastadas, como também ampliá-las, gerando uma distribuição mais igualitária, permitindo que o acesso à energia elétrica fosse para todos, o que ainda não é realidade no país.

Redes inteligentes

As redes Mesh são as únicas capazes de suportar o tráfego decorrente dos novos medidores. As convencionais, por outro lado, necessitariam de roteadores ou repetidores, influenciando diretamente na potência.

A adoção de medidores inteligentes, por si só, não garante uma análise em tempo real e detalhada de consumo. Mas os sistemas de gestão integrados às redes Mesh têm sido grandes aliados para otimizar medições à distância, reduzir custos com leituras manuais e aumentar a disponibilidade de energia em locais mais críticos.

Do lado do usuário, tais soluções permitiriam monitorar o consumo em tempo real e reportar rapidamente a ocorrência de falhas. Para as concessionárias, seria possível otimizar a geração, distribuição e a entrega de energia, evitando perdas e fraudes.

Em suma, as Smart Grids, ou redes inteligentes, possibilitam mais do que o uso consciente das fontes de energia, mas um desenvolvimento igualitário para setores que dependem da energia para impulsionar negócios e movimentar a economia.

* Ricardo Hayashi é gerente de produtos da Atech.