InfraDigital – 26.03.2021 –
Evento online mostra que infraestrutura para viabilizar digitalização envolve combinação de várias tecnologias
A digitalização nas concessionárias de serviços públicos passa em alguma momento pela telemedição e, no caso do setor elétrico, pela automação da distribuição, entre outras etapas. De olho nesses mercados, as operadoras de telecomunicações estão mostrando o poder de sua infraestrutura e como ela pode ser usada por suas parceiras dos setores de água, energia e fornecimento de gás. As iniciativas incluem projetos para uso de estações rádio base (ERBs) das operadoras móveis para criar redes privadas que transmitem dados de subestações de energia em regiões metropolitanas ou para coletar e transmitir a informação de sensores que monitoram o nível da chuva em grandes cidades.
Os dois exemplos acima são reais e foram apresentados no UTCAL Summit Online que aconteceu de terça a quinta dessa semana. No primeiro caso, estamos falando da infraestrutura da TIM na Grande Belo Horizonte, com quase três centenas de ERBs. Dependendo da concessionária atendida, a operadora pode montar redes específicas que permitam a coleta de dados por meio de Internet das Coisas (IoT). Ela cria avenidas digitais para que a concessionária faça o tráfego de dados coletados e possa gerenciar remotamente sua infraestrutura. O segundo exemplo é da American Tower, uma das detentora de ativos de redes, principalmente torres e fibra óptica. O uso de sua malha para coletar dados de sensores que monitoram inundações faz parte do projeto de cidade digital no Rio de Janeiro.
Paulo Humberto Gouvea, diretor de Soluções Corporativas da TIM, palestrante no evento, destaca que as operadora investe pelo menos 20% de seu faturamento líquido na sua infraestrutura, o que se explica pela presença em 3.975 cidades do Brasil com a rede 4G LTE. Em 90% delas, a TIM opera na frequência de 700 MHz, o que permite a melhor propagação de sinal, favorecendo serviços de telemedição e de automação de rede, duas demandas das concessionárias de serviços públicos que estão fazendo sua transformação digital. “A medição remota em si não é uma aplicação crítica, mas a automação da distribuição sim, o que exige redes de transmissão de dados resilientes e redundantes”, afirma Gouvea.
Especificamente em relação às redes NB-IoT, ou seja redes de banda estreita para IoT, o executivo lembra que a TIM tem cobertura em mais de 3.500 cidades e a se trata de uma rede rede pronta e economicante eficiente para a infraestrutura de medição avançada (AMI), um conceito fundamental para as concessionárias. O desempenho e a disponibilidade dessa rede mostra que há conectividade, em regiões metropolitanas, até mesmo no terceiro subsolo de construções.
Assim como a TIM, a American Tower também aposta em sua infraestrutura para o avanço de IoT. Para Daniel Laper, diretor de Novos Negócios & IoT, no entanto, não existem uma rede que atenda todas as demandas. O especialista avalia que as tecnologias são complementares. Para ele, as soluções podem combinar redes celulares de 2G, 3G e 4G, com redes locais, redes LoRa, uma arquitetura que combina a cobertura de área ampla com baixo consumo de energia. Para ele, a companhia digitalizou a torre, com uma infraestrutura de rede neutra de IoT baseada em LoRa e no modelo de atacado.
Essa infraestrutura cobriria 65% do PIB brasileiro, com 19 mil torres – e que continua em expansão. Seus parceiros seriam operadoras de telecom e distribuidores de energia, com perfil de atacado e com objetivos convergentes de compartilhamento de rede. Outra forma de traduzir sua oferta seria a de ter presença em mais de 265 cidades, incluindo todas as capitais, o que levaria a uma cobertura de mais de 110 milhões de pessoas.
Já o rol de serviços que essa rede pode suportar inclui mais do que o exemplo de sensores para monitoramento de inundações e enchentes. A infraestrutura pode viabilizar o controle remoto de vazamento de água em concessionárias de saneamento ao gerenciamento de estacionamentos inteligentes e ao controle de coleta racional de lixo e resíduos. A gestão de semáforos e a medição remota (água, luz e gás) são outros recursos. Futurologia? Na verdade, não. No Rio de Janeiro, a rede suportou os sensores de identificação remota de alagamento para o Centro de Operações do Rio (COR). Nada mais real.