Nelson Valêncio – 09.04.2021 –
Até ontem governo tinha contabilizado R$ 9,4 bilhões segundo ministro Tarcísio de Freitas. Para abril ainda estão previstos os leilões da Cedae e da BR 153
O Brasil desolador da pandemia foi parcialmente esquecido ontem na bolsa de valores B3, cenário da Infra Week, o megaleilão coordenado pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra) que se encerra hoje. Na coletiva de imprensa, logo após a Bahia Mineração (Bamin) ser declarada a vencedora do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), o ministro Tarcísio de Freitas fez o balanço da semana. Para ele, o mês de abril vai ficar na história do país pelos ativos a serem leiloados. A soma pode chegar a R$ 59 bilhões, considerando os R$ 10 bilhões da Infra Week e mais os processos de concessão da BR 153 (R$ 14 bilhões) e da Cedae (R$ 35 bilhões). Os dois últimos estão previstos para os dias 29 e 30, respectivamente.
Os volumes citados acima se referem aos investimentos previstos ao longo das concessões e mostram que o cenário de infraestrutura – em suas várias áreas – é de aquecimento. Apenas para rememorar: além dos R$ 10 bilhões contabilizados nessa semana, os projetos até então licitados desde 2019 já somavam R$ 44 bilhões de acordo com o MInfra. Outros R$ 84 bilhões estão previstos até o final de 2022, entre eles, a concessão dos aeroportos Santos Dumont, no Rio, e o de Congonhas, em São Paulo. Também fazem parte do processo a estruturação a Ferrogrão e os outros dois trechos da Fiol, para ficarmos em alguns exemplos. Hoje, a Infra Week acrescenta cerca de R$ 600 milhões na concessão de cinco terminais portuários (quatro no Maranhão e um em Pelotas).
De acordo com Tarcísio de Freitas, os leilões dessa semana consolidaram o modelo de blocos para a concessão de aeroportos, com o destaque para os grupos francês Vinci, que levou a concessão do bloco Norte 1, cujo destaque é o aeroporto de Manaus, e para a Companhia de Participação em Concessões, da Camargo Correa, vencedora dos blocos Sul e Central. No caso da primeira, o que se vê é a expansão da multinacional europeia no Brasil, onde já opera os aeroportos de Salvador e Belo Horizonte. Já a movimentação da Camargo Correa (CCR) reforça a percepção de volta das grandes construtoras brasileiras – de forma mais clara – ao cenário de infraestrutura.
No leilão de ontem o ministro destacou o avanço das concessões no setor ferroviário e estimou que até 2035 esse modal vai responder por 35% do transporte de cargas no Brasil, reduzindo a dependência dos caminhões. Ele também adiantou a modelagem que está sendo pensada para os outros dois trechos da Fiol, prevendo a licitação para o final de 2022 ou começo de 2023. Com as duas próximas licitações – BR 153 e Cedae – o MInfra espera fechar abril como o mês mais significativo para a infraestrutura brasileira.