Artigo destaca como o investimento em obras pode ser um antídoto contra a pandemia

Basilio Jafet (*) – 22.04.2021 – A não paralisação dos canteiros de obras foi decisiva para mitigar o alarmante desemprego. No ano passado, o setor foi o que mais abriu vagas, tanto com carteira assinada quanto para trabalhadores informais ou por conta própria. Quando veio a pandemia por covid-19, oficializada em março do ano passado, […]

Por Redação

em 22 de Abril de 2021

Basilio Jafet (*) – 22.04.2021 –

A não paralisação dos canteiros de obras foi decisiva para mitigar o alarmante desemprego. No ano passado, o setor foi o que mais abriu vagas, tanto com carteira assinada quanto para trabalhadores informais ou por conta própria.

Quando veio a pandemia por covid-19, oficializada em março do ano passado, o setor da construção civil foi considerado atividade essencial. Com isso, os canteiros de obra não foram paralisados. Muitos questionaram o fato. Afinal, o segmento se caracteriza pela contratação de mão de obra que não exige alta qualificação (razão pela qual garante postos de trabalho com carteira assinada para a camada economicamente mais vulnerável da população). Havia a preocupação de que os canteiros se tornassem explosivos caldeirões de contágio.

Porém, o que aconteceu foi justamente o contrário. Graças à adoção pioneira de rígidos protocolos sanitários, o setor da construção serviu de exemplo para outros segmentos. E mais: cada operário funcionou como vetor multiplicador das boas práticas de higiene, transmitindo aos seus familiares e amigos os cuidados necessários.

Em âmbito estadual, o Secovi-SP agiu rapidamente na elaboração de protocolos. No tocante às obras, e em conjunto com SintraconSP (representante dos trabalhadores), SeconciSP (Serviço Social da Construção Civil) e entidades empresariais do setor (SindusCon-SP e Abrainc), as orientações aplicadas fizeram com que o número de contaminação por covid-19 fosse bastante inferior.

Conforme pesquisa divulgada, em 16/4, pela Abrainc, com 40 empresas responsáveis por 912 obras (nas quais trabalham quase 74 mil operários), o total de casos e de óbitos revelam a eficácia dos protocolos. O número de mortes por milhão continua baixo em comparação com o Brasil: 234 na construção civil contra 1.739 no País. Ambos lamentáveis, é claro, mas é inegável o positivo efeito das medidas sanitárias adotadas.

A não paralisação dos canteiros de obras foi decisiva para mitigar o alarmante desemprego. No ano passado, o setor foi o que mais abriu vagas, tanto com carteira assinada quanto para trabalhadores informais ou por conta própria.

Conforme dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado so Ministério da Economia, no acumulado do ano de 2020, a construção civil e a indústria lideram o ranking de contratações, com a criação de 112,1 mil e 95,5 mil empregos, respectivamente.

Ainda conforme informações do Caged, divulgadas em março último, a construção abriu 43,5 mil empregos em janeiro. Dentre os novos empregos gerados, o destaque foi para o subgrupo Construção de Edifícios, com mais 16,3 mil postos de trabalho com carteira assinada.

As atividades imobiliárias foram particularmente relevantes para as contratações, fruto da grande reação do mercado, cuja crescente demanda vem impactando fortemente os lançamentos e provocando recordes de vendas de unidades residenciais.

Para 2021, e caso superadas dificuldades conjunturais e específicas, como desabastecimento e aumento nos preços de insumos, e considerada a possibilidade de crescimento de 3,5% do PIB, a perspectiva do setor é ofertar mais 200 mil empregos. Isso representa aproximadamente mais 800 mil pessoas que contarão com o apoio da construção civil no seu sustento.

Em mais um momento de transtorno nacional, a indústria da construção civil e imobiliária responde às necessidades. A vacinação finalmente está acontecendo, mas é impossível prever quando estaremos todos imunizados.

As consequências da pandemia se farão sentir por muito tempo. Ainda que ocorra a reabertura de todas as atividades econômicas, haverá um saldo residual preocupante, resultado do empobrecimento geral de grande parcela da população, do trauma vivenciado e da dúvida que se instalou em todos nós: e se vier outra onda?

Como empreendedores e profissionais imobiliários, sabemos que o medo não é bom conselheiro. Não paralisamos as obras, as vendas nem os planos futuros. Não deixamos de acreditar que tudo passa. Precisamos confiar e continuar fazendo obras contra os efeitos da pandemia.

(*) Basílio Jafet é presidente do Secovi-SP.