Redação – 17.08.2021 – País deveria investir em insumos considerados estratégicos para produção de componentes eletrônicos como lítio e níquel
A popularização dos veículos elétricos aponta para uma nova demanda do mercado de minério: o lítio e o níquel, além de uma série de outras matérias-primas que são utilizadas para produção de componentes eletrônicos e baterias. No entanto, o painel “Mercado de Commodities Minerais”, mostrou que o Brasil está atrasado em relação à exploração desses minérios.
Segundo o gerente regional da Roskill na América Latina, Marcio Goto, o mundo inteiro está à procura de plantas para instalar em seus territórios para produzir equipamentos, componentes de sistemas de armazenamento de energia ou eletrônicos. A intenção é ter uma reserva interna desses produtos considerados estratégicos, mas iniciativas do gênero no Brasil e também na América Latina seguem restritas.
“Não vai sobrar bateria para exportação. A demanda por lítio atualmente está na faixa das 500 mil toneladas e isso deve quintuplicar até 2030, o que demonstra um crescimento projetado fantástico”, avalia.
Barbara Matos, vice-presidente sênior do grupo de Finanças Corporativas da Moody’s, acredita que a demanda por minerais permanecerá aquecida devido à recuperação da atividade econômica mundial, projetada para 2022. A vantagem para o Brasil é que o minério de ferro, principal commodity do gênero na exportação brasileira, vai acompanhar esse movimento devido à forte resultado da China, que projeta crescimento de 8,5% em 2021 e 5,5% no próximo exercício.
No entanto, os riscos são novas ondas de covid-19, que podem comprometer os resultados almejados. “Mas no médio prazo espera-se uma moderação com declínio gradual dos preços do minério de ferro nos próximos anos”, aponta.
Órgãos regulatórios brasileiros se mexem para destravar soluções
A Agência Nacional de Mineração (ANM) já apresentou um projeto de pesquisa da sua Matriz de Relacionamento para estudar as mudanças na cadeia extrativa de minérios. Mariano Laio de Oliveira, responsável pelo projeto, diz que o órgão está se mexendo para modernizar o mercado brasileiro, com o objetivo de criar uma matriz de referência metodológica para parceiros da cadeia produtiva do setor.
Além disso, outra ação da ANM aguardade pelo setor é a classificação com base em padrões internacionalmente aceitos para a confecção da Declaração de Resultado de Exploração, Recursos e Reservas Minerais. Ela está em fase de apreciação pela Procuradoria Federal, último passo antes da aprovação final pela Diretoria Colegiada da instituição, segundo informação do diretor, Tasso Mendonça Júnior.
Sem adiantar datas, ele ressaltou que a convergência desses padrões já existe e o desenvolvimento de outros, no futuro, será guiado pelo modelo do Comitê Internacional de Normas de Declaração de Recursos Minerais (CRIRSCO), formado por organizações nacionais do setor.
Essa nova regulamentação visa aumentar a atratividade do setor mineral para investidores, por meio de melhoria da qualidade técnica dos relatórios analisados pelo Sistema Brasileiro de Recursos e Reservas Minerais (SBRR). Convertidos em relatórios e enviados para a ANM, os documentos são usados para a concessão de licenças várias licenças.
Novos projetos de mineração
A Equinox Gold, que opera duas minas no Brasil, sendo uma a Mina de Piaba, onde há cerca de 1 milhão de onças de ouro. Lá, a empresa tem feito diversos estudos técnicos para conhecer o real potencial da área, localizada no noroeste do Maranhão. A Equinox tem interesse muito forte na operação de subsolo, após a identificação de zonas de alto teor que interceptam a área mineralizada de 2,3 km. Para tanto, está na fase de sondagem para subsidiar essa operação.
Já a Amarillo Gold conta com um o projeto em Lavras do Sul (RS), que ainda está em maturação. Próximo à fronteira do estado, a planta está dentro do Cinturão Vila Nova. No momento, a companhia se prepara para iniciar a operação de outra planta, Mara Rosa (GO), a partir de abril de 2022. A mina tem 1 milhão de onças de reserva minerável. Logo depois, concentrará esforços no Lavras do Sul, onde há 22 ocorrências de ouro em uma faixa de 10 quilômetros, algumas já conhecidas e outras em estudo.
Em Carajás, o Projeto Jaguar da Centauros Brasil Mineração tem como foco a exploração do níquel. Atualmente, a mineradora tem sete sondas no local e um depósito híbrido com potencial de expansão para o leste de Carajás.