João Monteiro – 27.08.2021 – Formalização é a melhor forma de estabilizar crescimento ou vender a empresa com um valor justo, explica especialista em M&A
Para William Müller, responsável pela área de fusões e aquisições (M&A) da Prosper Capital, consultoria focada em otimização tributária e M&A, a falta de formalidade é um risco para os provedores de Internet (ISPs). Frente à consolidação de mercado, não ter um histórico da empresa e controles de operação, como posicionamento em postes e tamanho da concorrência, pode diminuir o valor de uma futura aquisição, afirmou o especialista durante o FTTH Meeting Online, evento online que ocorreu ontem (26/8).
Müller destacou que a informalidade diminui o interesse por uma empresa e impede o crescimento, além de dificultar o acesso ao crédito. “Em contrapartida, fazer a organização da empresa dá mais margem de lucro, diminui carga tributária e aumenta o valor do negócio”, afirmou. De acordo com ele, é possível aumentar a margem de lucro em até 51% e reduzir a carga tributária em 46% com o processo de organização.
O especialista mostrou a diferença de valores entre um provedor estruturado e um ainda informal, baseado no número de clientes. Considerando a mesma tecnologia, um ISP organizado pode chegar a valer até o dobro que um concorrente. Veja no gráfico abaixo, disponibilizado por Müller:
A organização também é prioritária para o ISP que quer crescer, pois é a partir dela que ele vai atrair investimentos e garantir financiamentos em boas condições. Para tanto, é preciso estabelecer prioridades, principalmente se quiser chegar ao ponto de poder abrir ações na bolsa (IPO). “Não é algo simples, é uma jornada de pelo menos três ou quatro anos com um crescimento seguro.”
Estabilizar o crescimento ou ir atrás de mais?
Müller também comentou que há provedores que não tem intenção de crescer. Alguns são por medo de deixar a tributação do Simples Nacional, outros porque não tem um apetite grande. No primeiro caso, o especialista aponta que é um erro. “É possível sair do Simples aumentando a carga tributária devagar até chegar em cerca de 15%, mas com um crescimento que compense esse aumento.”
Para quem está “acomodado” e prefere não enfrentar a burocracia de uma formalização, Müller aconselha que ele se prepare. Apesar de não considerar essa acomodação algo errado, é preciso que o empreendedor entenda seu perfil e de que o mercado está se consolidando.
“O provedor que não cresce tende a perder mercado. É preciso que o empreendedor saiba quem ele é para colocar seu negócio para performar do jeito que prefere”, destaca. A organização, portanto, ainda é interessante para esse tipo de empreendedor, visto que ele trará maior valorização à sua empresa e pode acabar vendendo-a por um preço justo.
Müller aponta que há diferentes perfis de provedores e o movimento de mercado varia dependendo de seu tamanho. Os cinco grandes provedores do País têm apostado na bolsa e ainda pensam na melhor forma de crescimento. Enquanto isso, os que ele chama de “consolidadores”, cerca de 20 ISPs, buscam aquisição de redes regionais já estabelecidas e formais, com valores de mercado entre R$ 50 milhões e R$ 250 milhões.
Já os líderes regionais, que não chegam a 150 provedores, estão de olho na aquisição de ativos (infraestrutura e clientes) de pequenos ISPs ou mesmo a operação de PJs, com transações entre R$ 5 milhões e R$ 50 milhões. Cabe, então, ao provedor entender em qual tamanho ele está para tomar a melhor estratégia.