Artigo: Como explicar a crise hídrica num País que detém 12% da água doce do mundo?

Fernando Silva* – 17.12.2021 – Com a estiagem e a escassez de água em usinas hidrelétricas, o Brasil enfrenta a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Além disso, em um ano cheio de restrições e incertezas, a pandemia de covid-19 escancarou a urgência do direito ao saneamento, especialmente o acesso à água potável Até […]

Por Redação

em 17 de Dezembro de 2021
Fernando Silva* – 17.12.2021 – Com a estiagem e a escassez de água em usinas hidrelétricas, o Brasil enfrenta a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Além disso, em um ano cheio de restrições e incertezas, a pandemia de covid-19 escancarou a urgência do direito ao saneamento, especialmente o acesso à água potável

Até parece paradoxal falar sobre esses assuntos em um País que detém 12% de toda a água doce do mundo. Mas essa ideia é, no mínimo, equivocada. Isso porque, desde que se há registros, a distribuição da água, por parte das concessionárias, no Brasil é desigual e muitas regiões vivem em situação de privação hídrica de água potável por conta da falta de saneamento, da poluição, do desmatamento, além do uso excessivo.

Agora, as crises pandêmica e hídrica agravam este problema social. Com o empobrecimento da população, devido ao aumento da taxa de desemprego, o acesso adequado e universal à água de qualidade se torna ainda mais urgente.

De acordo com a Pesquisa Saudável e Sustentável 2021, desenvolvida pelo Instituto Akatu e a GlobeScan em 31 países, a pobreza extrema no mundo, a poluição da água e a pandemia de Covid-19 são os principais problemas globais apontados pelos brasileiros. O levantamento, realizado nos meses de junho e julho de 2021, revelou, ainda, que a escassez de água potável, esgotamento de recursos naturais e falta de acesso a cuidados de saúde são temas que preocupam a maioria dos brasileiros.

Pobreza extrema no mundo foi considerado um problema “muito sério” por 87% dos entrevistados. Seguido de poluição da água (85%); pandemia de Covid-19 (84%); escassez de água potável (82%); esgotamento dos recursos naturais (81%); e falta de acesso a cuidados de saúde (79%).

Em paralelo a isso, o novo Marco Legal do Saneamento, divulgado recentemente, estipulou a meta de atendimento de 99% da população com água potável e de 90% da população com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033.

Graças a estes dados, percebemos que, nos últimos tempos, a sociedade está desenvolvendo um olhar mais cauteloso no que diz respeito à questão do fornecimento da água de qualidade no Brasil.

Mas, além de ter clareza de que garantir saneamento para todas as pessoas é um dos grandes desafios para o desenvolvimento social da União, é preciso compreender, também, a sua relação com a crise hídrica. No meu entendimento, se trata de uma conjunção de fatores, como por exemplo: estiagem extrema, escassez de chuvas, desmatamento e queimadas de grandes proporções, e retrocessos por falta de gerenciamento dos recursos em geral.

Aqui, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água adequada para o consumo, e, diante deste cenário, acredito que a tecnologia é a chave para solucionar o problema. Parece irreal, mas é possível, por exemplo, por meio de um equipamento que pesa 12 quilos, purificar 5.000 mil litros de água contaminada por dia. Com isso, conseguimos atender 100 pessoas, se pensarmos que cada uma utiliza, em média, cerca de 50 litros ao dia para beber, tomar banho, cozinhar, lavar roupas e louças, entre outras coisas.

Hoje, startups e greentechs estão, cada vez mais, ganhando força no mercado para auxiliar governos com propostas eficientes, práticas, inovadoras e acessíveis, a fim de solucionar problemas socioambientais. Por isso, defendo que, para alcançar as metas de 2033, os gestores precisam se aliar àqueles que também buscam meios para resolver os mesmos obstáculos.

*Fernando Silva é CEO da PWTech, startup brasileira.