Redação – 08.07.2022 – Estudo da Fundação Dom Cabral analisou acidentes de trânsito ocorridos em rodovias federais entre 2018 e 2021, levando em conta a quantidade e a gravidade
Um estudo inédito realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC), por meio da Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transportes (PILT), analisou os acidentes de trânsito registrados em rodovias federais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre 2018 e 2021. Ele conclui que as taxas de acidentes (TAc) e de severidade dos mesmos (TSAc) são consideravelmente maiores nas rodovias sob gestão pública do que nas concedidas. O estudo da FDC demonstra que nas rodovias sob gestão pública o risco de acidentes é cerca de quatro vezes maior do que nas rodovias concedidas.
Os pesquisadores da FDC utilizaram a base de dados disponível na seção de dados abertos do portal da PRF na internet. Foram estudados registros de 2018 a 2021, totalizando 264.196 acidentes, dos quais 99,4% ocorreram em rodovias sob jurisdição federal. O estudo conseguiu realizar uma equação que reduz a influência do Volume Médio Diário Anual (VMDA) dos veículos que circulam no trecho de ocorrência do acidente, amenizando o fato de que rodovias mais movimentadas tendem a apresentar um maior número absoluto de acidentes.
Se considerados o VMDA, a divisão dos acidentes entre as rodovias não é muito discrepante no que tange a administração. Enquanto as rodovias públicas respondem por 56,6% dos acidentes, as privadas são responsáveis por 43,4%, como se vê no gráfico abaixo.
No entanto, as Taxas de Acidentes (que ponderam os números absolutos de acidentes pelo VMDA do trecho de ocorrência) mostram uma discrepância grande entre as rodovias sob gestão pública, que respondem por 79,7% dos acidentes, ao passo que nas concedidas se reduz para 20,3%. Quando, além do VMDA, consideramos a gravidade dos acidentes, a Taxa de Severidade nas rodovias sob gestão pública corresponde a 80,4% e nas concedidas a 19,6%.
Por que as rodovias públicas são mais perigosas?
Segundo os pesquisadores, o estudo deixa claro que os investimentos em segurança viária feitos nas rodovias concedidas são bem superiores àqueles executados nas estradas sob gestão pública. A pesquisa conclui que há necessidade de se criar fontes alternativas de financiamento para a manutenção e a melhoria da segurança nas rodovias que permanecem sob a gestão direta da União. Os números provam que o orçamento público não possui mais condições de investir no mesmo patamar que as concessionárias privadas investem.
Os líderes em periculosidade
Um outro importante recorte do estudo se relaciona com os estados brasileiros com maiores taxas de acidentes. Destacam-se o Rio Grande do Sul e Paraná que, além de apresentarem as maiores taxas de acidentes (TAc), também estão nas primeiras colocações no ranking das taxas de severidade das ocorrências (TSAc). Os dois são seguidos mais à distância por um segundo bloco composto por Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro, como mostra a seguinte tabela:
Um outro recorte analítico ressalta as 20 rodovias federais com as maiores taxas de severidade (gráfico a seguir). As rodovias BR 101 e BR 116 ocupam as duas primeiras posições, tanto em número absoluto de acidentes quanto nas taxas de acidentes e de severidade dos mesmos. Porém, é notável que a severidade das ocorrências é mais intensa nos trechos que permanecem sob gestão pública do que nos concedidos às empresas privadas.