Redação – 11.07.2022 – Em novo episódio do podcast Conexão InfraDigital, entrevistados comentam formas de os provedores de Internet obterem mais receita para seus negócios
A nova temporada do podcast Conexão InfraDigital busca debater os atuais modelos de negócios dos provedores de serviços de Internet (ISPs) e apresentar ideias e sugestões de modelos de negócios para monetizar melhor a infraestrutura criada por essas empresas. Em parceria com a HPE Aruba, fornecedora de soluções de rede, os jornalistas Jackeline Carvalho e Rodrigo Conceição Santos mostraram, já no primeiro episódio, o que os ISPs estão fazendo a lição de casa e têm longo caminho para incrementar fontes de receita para suas redes.
Neste episódio, Sidney Batistela, vice-presidente da Abrint (Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações), trouxe a informação de que entre 40% a 50% das receitas de ISPs já vêm de serviços adicionados. Ele contou o que os ISPs vêm fazendo para diversificar seus serviços, enquanto Antenor Nogara, country manager da HPE Aruba no Brasil, mostrou quais são as oportunidades para o setor. Confira.
Como os provedores de serviços regionais de telecomunicações estão lidando com a comoditização da oferta dos links de conectividade?
Sidney Batistela: Os provedores vêm se remodelando dia após dia e a gente tem visto o crescimento exponencial do meio dos ISPs. Muitos deles vêm sendo incorporados e muitos estão ampliando suas redes. Cada dia que passa os provedores estão procurando sempre se conectarem entre si construírem consórcios, priorizando redes conjuntas redes e alta capacidade. Principalmente, depois da pandemia onde a gente viu aí uma um crescimento na demanda pelos links de comunicação para empresas e escolas, além de empresas que utilizam de link de comunicação para poder fornecer lives e e promover eventos online, uma nova modalidade que a gente viu crescer nos últimos dois anos. Toda essa demanda trouxe uma perspectiva de mercado diferenciada dos provedores, ou seja, eles precisaram melhorar sua conectividade precisaram se reinventar para ter uma estabilidade de rede. Então os provedores tiveram que fazer novas contratações, né ter novas redundâncias e tudo mais então isso aqueceu bastante o mercado de equipamento e de redes, e juntou muitas empresas que criaram um consórcios para construção de redes em conjunto. Os provedores já estão olhando as redes com tecnologias XGS-PON e novas tendências que estão vindo por aí, como o compartilhamento de redes através do modelo de redes neutras.
Você mencionou que houve um investimento muito grande nesta transformação dos provedores de acesso para atender essa nova demanda esse novo perfil do consumidor. Como ele tem feito para recuperar esse investimento?
Sidney Batistela: Muitos dos provedores têm procurado outras formas de monetizar a rede. Dentro dessas formas estão o serviço de telefonia fixa, que se utiliza da mesma rede multimídia, e TV por assinatura o IPTV, que já tem vários players no mercado. A gente vê o mercado de vídeo on demand e de aplicativos para celular e Smart TVs vêm crescendo fortemente no mercado e os provedores vêm abraçando essas oportunidades, compondo os seus combos através de vários produtos. Hoje, em média, metade da receita de ISPs vêm através do link de Internet, enquanto outros 40% a 50% ele tem monetizado de outras formas, com essas aplicações, com outros serviços, com atendimento melhorado ao cliente na parte interna. Além do mais, tem serviço de segurança, com câmeras de segurança e videomonitoramento até com babá eletrônica, que acabam se utilizando e é uma grande expectativa dos ISPs. Outra demanda crescente é automação comercial e automação residencial, que vão demandar muito da utilização das redes dos ISPs e eu vejo que é uma monetização que vai crescer cada dia mais é dentro do meio dos ISPs.
A oferta de serviços gerenciados tenha um potencial ainda maior de representatividade na receita dos ISPs. Diante da experiência internacional da Aruba, nós temos um comportamento diferente do que acontece em outros países, Antenor?
Antenor Nogara: Eu receio que não. Acho que nós estamos passando por um movimento generalizado de comoditização do acesso a banda larga, o que acaba pressionando o setor. O Sidney mencionou diversos serviços e opções para os provedores agregarem valor às suas redes. Sem dúvida alguma, todo esse portfólio adiciona valor e ajuda a rentabilizar a rede, mas existe uma oportunidade também muito grande para os provedores de ir além da banda larga, avançando dentro dos ambientes das empresas com soluções de rede Wi-Fi, soluções de rede cabeada e soluções de rede segura. Num primeiro momento, faria com que o provedor fosse o novo provedor de serviços gerenciados dessas empresas aliviando a tarefa de administrar seus ambientes. Olhando em perspectiva ampliada, o SD-WAN também entra nesse cenário, é capaz de trazer ainda uma rentalização maior e uma fidelização maior.
Nós temos visto um avanço na adoção do Wi-Fi 6 nas organizações, além do interesse do 5G. Sidney, os provedores de serviços regionais estão atentos a isso para atender tanto nas grandes organizações como nas pequenas e médias?
Sidney Batistela: A gente vem discutindo dentro dos grupos de provedores que eles precisam se preparar para poder atender esse tipo de de mercado, já que as operadoras não vão ter essa capilaridade para construir redes de 5G sozinhas. O Wi-Fi 6 vem para contribuir para poder ampliar principalmente a qualidade e a demanda por alta capacidade, acima e planos com até 1 Giga. Ele veio para poder atingir essa fatia de mercado e resolver a demanda pela alta conectividade, monetizando uma outra faixa de cliente que tem sofrido bastante para poder atender.
Há uma tendência de oferta de redes como serviços. Você acredita que esteja aí uma oportunidade para os professores de acesso também, Antenor?
Antenor Nogara: Eu acho que essa é a grande vocação do provedor, entregar serviços e soluções. Dessa forma, eu tenho certeza que um dos maiores ativos dos provedores é o seu relacionamento com os clientes, e esse relacionamento precisa ser expandido para entrega de outras soluções de rede. E aí, sem dúvida alguma, redes como serviço é uma grande oportunidade. A própria Aruba vem adotando o conceito e modelando ofertas para atender essa demanda crescente, com programas voltados especificamente para ISPs, seja o programa em MST, seja a nossa oferta GreenLake, que é um grande guarda-chuva de serviços gerenciados, justamente para apoiar o crescimento dos provedores na direção de ganhar mais presença e mais participação de mercado.
O papo com Sidney Batistela e Antenor Nogara continua no episódio abaixo: