BNDES promete ser carbono neutro até 2050 e anuncia agenda climática

Redação – 24.11.2022 – Banco de fomento é o primeiro a anunciar iniciativa carbono neutro e anunciou planos para fomentar o combate às mudanças climáticas  De forma inédita entre os bancos de desenvolvimento do mundo, o BNDES divulgou na COP27 um documento com seus compromissos para o clima. Em alinhamento com a Nationally Determined Contributions (NDC – […]

Por Redação

em 24 de Novembro de 2022
Foto: Paulo Vitor/ AE
Redação – 24.11.2022 – Banco de fomento é o primeiro a anunciar iniciativa carbono neutro e anunciou planos para fomentar o combate às mudanças climáticas 

De forma inédita entre os bancos de desenvolvimento do mundo, o BNDES divulgou na COP27 um documento com seus compromissos para o clima. Em alinhamento com a Nationally Determined Contributions (NDC – em português Contribuição Nacionalmente Determinada) brasileira, o BNDES assume o compromisso de ser neutro em carbono até 2050, considerando os escopos 1, 2 e 3 de seu inventário de emissões. A instituição é a primeira a fazê-lo entre os bancos de desenvolvimento internacionais e de forma abrangente a todas as operações. 

Para assumir este compromisso, o BNDES está divulgando o documento “Clima e desenvolvimento – A contribuição do BNDES para uma transição justa”, no qual o Banco organiza as ações, aprovadas no planejamento estratégico do banco, que estão sendo e serão tomadas para alcançar a meta. 

O banco se compromete a neutralizar as emissões nos escopos 1, 2 e as relacionadas a viagens a negócios e deslocamento de funcionários (casa-trabalho) a partir de 2025; finalizar o inventário das emissões financiadas do escopo 3 para as demais carteiras do BNDES; definir, em 2023, metas de neutralidade para as carteiras de crédito direto, indireto e renda variável; definir, em 2023, metas de engajamento para acelerar a transição dos seus clientes para a neutralidade em carbono; e incorporar, em 2023, a contabilização de carbono nos processos de aprovação de apoio a novos projetos. 

O documento contou com o apoio técnico da WayCarbon, empresa de base tecnológica e consultoria estratégica com foco exclusivo em sustentabilidade e mudança do clima, apoio esse viabilizado por meio de uma parceria do BNDES com o UK Pact (Governo Britânico).  

Ações traçadas 

Segundo o documento “para alcançar esses compromissos de transição climática, foram traçadas ainda estratégias transversais e estratégias específicas aos setores-chave. As estratégias transversais incluem a busca do engajamento das empresas e instituições financeiras repassadoras dos recursos do BNDES, tanto em relação à elaboração de inventários de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), quanto à definição de metas e estratégias de transição para neutralidade de emissões e incorporação de boas práticas relativas a clima”. 

O documento prevê ainda a oferta de produtos financeiros que promovam investimentos em transição e resiliência climática e o avanço na incorporação de inventariado de emissões e de aspectos climáticos na estruturação de projetos de infraestrutura e desestatização. O banco também pretende trabalhar com outros parceiros para promover práticas de adaptação aos efeitos da mudança do clima e contribuir para a estruturação do mercado de carbono brasileiro, de projetos de prevenção do desmatamento e de soluções baseadas na natureza. 

Já as estratégias setoriais complementam as abordagens transversais. As ações com foco no setor de energia incluem: o apoio à descarbonização da matriz energética brasileira por meio de projetos de eficiência energética, a produção e aproveitamento de biogás e biometano, a geração por fontes renováveis, incluindo a estruturação de projetos de hidrogênio verde para consumo doméstico e internacional, além da promoção de tecnologias de captura e estocagem de carbono (CCUS) nas atividades de biogás/biometano. 

O tema de eletrificação e uso de fontes renováveis na logística ferroviária e mobilidade urbana deverá ser um dos tópicos centrais da atuação do BNDES no setor de logística e mobilidade urbana, assim como o incentivo ao transporte urbano de alta capacidade e baixa emissão, incluindo infraestrutura cicloviária, e o apoio a logística de baixo carbono. 

Meio ambiente 

As estratégias para atividades de mudança e uso da terra e florestas incluem investimentos para prevenção, combate e monitoramento do desmatamento ilegal e atividades de recuperação de áreas degradadas. Além disso, soluções de uso sustentável da floresta e da biodiversidade, em especial a bioeconomia, serão incentivadas. 

Com foco na agropecuária, o BNDES pretende fomentar a sustentabilidade na cadeia de valor do setor, financiando o uso de bioinsumos e biofertilizantes, e impulsionar a redução do desmatamento por meio da integração lavoura- pecuária-floresta. Nas operações diretas do setor, irá investir na produção e uso de biocombustíveis e na redução de emissões de carbono e metano associadas à pecuária bovina, além de apoiar o aumento de produtividade por meio da adoção de novas tecnologias, reduzindo a pressão pela abertura de novas áreas produtivas. 

Outros setores 

Entre as diferentes atividades da indústria, o banco atuará para promover a descarbonização a partir de eficiência energética e uso de energias renováveis, substituição de matérias-primas por alternativas de menor intensidade de emissões de GEE, assim como iniciativas de captura de carbono e economia circular. 

O banco também fomentará a mineração de insumos essenciais para as tecnologias da economia verde, como cobre, lítio, níquel e outros, monitorando e induzindo o cumprimento de altos níveis de proteção ambiental e contrapartidas sociais.  

No setor de saneamento, serão incentivados projetos que ampliem o acesso aos serviços e contribuam para reduzir desigualdades sociais e regionais, investir em ações de captura e uso de metano, aproveitamento de biogás, e em iniciativas de geração zero de resíduos e compostagem em macro escala. 

Na temática de adaptação, o BNDES atuará em linha ao Plano Nacional de Adaptação (PNA), direcionando capital para setores e tecnologias de adaptação prioritários, incluindo ações com municípios e estados em projetos de infraestrutura e desenvolvimento urbano resiliente. Também pretende ampliar suas linhas de financiamento para adaptação e incluir mitigantes em projetos de infraestrutura, minimizando efeitos de impactos físicos da mudança do clima como enchentes, inundações e deslizamentos.