Redação – 31.01.2023 – Multinacionais do pneu com fábricas no Brasil pressionam pelo reestabelecimento de barreiras aos importados, afirma Abidip
De acordo com a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), a indústria nacional do pneu, representada por multinacionais, quer um aumento no imposto de importação. A entidade diz que há uma pressão no Comitê de Alterações Tarifárias (CAT) usando divulgação seletiva de dados para desenhar um cenário preocupante para o setor.
O pedido para reestabelecer o imposto de importação para essas cinco medidas de pneu de carga foi protocolado no CAT pela Prometeon Tyre Group Indústria Brasil Ltda., fabricante da marca Pirelli. Na última semana, os importadores reagiram e protocolaram uma contestação no mesmo órgão rebatendo cada um dos argumentos dos fabricantes.
As multinacionais estariam dizendo que houve uma inundação de pneus importados com preços baixos no Brasil, que trouxe quedas nas vendas. A Abidip diz que, na verdade, o que houve foram recordes de produção e vendas da indústria pneumática nacional. “São vários anúncios de novos investimentos e nenhuma notícia de fechamento de fábricas ou demissões, mesmo com a competição com os importados”, diz o presidente da Abidip, Ricardo Alípio.
A cruzada da indústria nacional contra a competição com o pneu importado procura reverter uma decisão tomada pelo governo federal no início de 2021, incluindo cinco medidas de pneus de caminhão na Lista de Exceções à TEC (“LETEC”). Na prática esses cinco modelos de pneus de carga tiveram o imposto de importação alterado de 16% para zero, em uma medida para diminuir os custos de fretes.
O risco do protecionismo
O presidente da Abidip explica que, em períodos de elevada cotação do dólar, a indústria pneumática nacional opta por exportar parte de sua produção para maximizar seus lucros causando desabastecimento do mercado interno.
“O pneu importado é ainda mais essencial nesses momentos de dólar alto preenchendo essas lacunas, atende muito bem os transportadores e evita a disparada de preços”, disse Alípio e completou. “Reestabelecer o imposto de importação agora seria um tiro no pé. Deixaria o mercado exposto a esses movimentos da indústria nacional, provocaria falta de pneu no mercado e consequente elevação de preço neste que é segundo item mais impactante para o caminhoneiro, com repercussão em toda a cadeia produtiva e nas metas inflacionárias”, finalizou.