Redação – 07.03.2023 – Índice é mais do que o dobro do que a economia brasileira como um todo cresceu no ano passado
Pelo segundo ano consecutivo, o dinamismo do setor da construção superou a economia nacional. O crescimento da construção civil chegou a 6,9% em 2022, enquanto o PIB do Brasil como um todo cresceu 2,9%. Além disso, a construção foi responsável pela geração de 10% dos empregos formais, em 2022, contribuindo de forma significativa para a redução do desemprego, que chegou à marca de 9,3%, o menor índice desde 2015.
Apesar do resultado positivo anual, a construção perdeu fôlego no último trimestre do ano e registrou queda de 0,7% em comparação com o terceiro trimestre. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), existem desafios a serem enfrentados, como a taxa de juros elevada, além da necessisade de medidas governamentais para que esse ciclo de atividades continue positivo e estimulando a economia nacional.
“O desempenho positivo da construção nos últimos dois anos foi impulsionado por um ciclo de negócios imobiliários iniciado com a pandemia em 2020. Como o processo de produção do setor é longo (de dois a três anos), os reflexos positivos ainda são sentidos”, destacou a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos. Segundo ela, a pequena queda no quarto trimestre foi a primeira desde que a pandemia foi decretada.
A Loures Consultoria também observou uma queda de 15% no total de lançamentos em 2022, em relação a 2021. A expectativa é que a volta do programa Minha Casa, Minha Vida consiga amplie o acesso à moradia digna às famílias de baixa renda e seja capaz de financiar um alto volume de produção da construção civil.
A consultoria também aponta a necessidade de ampliar a disponibilidade de funding do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) em um cenário de queda na captação da Poupança. Isso é essencial para garantir taxas de financiamento habitacional adequadas aos compradores de imóvel em cenário de alta da Selic.
Uma possível medida seria ampliar o percentual do saldo da Poupança, que é obrigatoriamente direcionado ao crédito imobiliário. Esse percentual, que hoje é 65%, deveria ser ampliado para 70%, para suportar o atual nível de crescimento do setor imobiliário.