Redação – 26.04.2023 – Painel online debateu o cenário atual da IoT no Brasil e quais os principais desafios do setor
A Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc) está preparando um curso de cibersegurança para projetos de IoT. A novidade foi anunciada pelo presidente da Abinc, Paulo Spacca, durante o IoT Business Forum, evento online realizado hoje e amanhã pelo site TI Inside.
De acordo com ele, os ataques em cima de dispositivos IoT aumentaram porque os cibercriminosos se atentam para o crescimento da adoção da tecnologia. “Quanto mais porta de entrada, mais alvos”, diz Spacca. Ele ressalta que as empresas precisam entender a necessidade de preparar a defesa de seus ambientes, mas que pessoas são ainda mais vulneráveis. “A cibersegurança é educação e conscientização”, defende.
Por isso a necessidade de um curso, na visão da Abinc. A intenção é que a segurança tem que vir antes, junto com a adoção do security by design, que é o desenvolvimento de um projeto de Internet das Coisas já com a visão da segurança sobre ele.
Colaboração entre academia e empresas
No painel “Cenário e desenvolvimento de IoT no Brasil”, o presidente da Abinc também comentou sobre a parceria entre academia e empresas, algo que a associação vem tentando fomentar. Um exemplo que ele deu é o projeto da Universidade de São Paulo (USP) no Hospital das Clínicas, que tem usado equipamentos de ultrassom e tomografia conectados para operação remota.
José Gontijo, especialista e ex-secretário de empreendedorismo e inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), diz que a interação entre academia e empresas já ocorre hoje, principalmente nos modelos das Unidades Embrapii. “Há projetos de desenvolvimento de 5G de baixo custo para conectar dispositivos”, exemplifica.
Isso é importante porque a área de IoT, assim como diversas outras quando se fala em tecnologia, sofre com falta de mão de obra capacitada. De acordo com ele, os problemas vão desde o desenvolvimento de soluções até infraestrutura.
Já sobre a maturidade do País, Gontijo entende que o Brasil não está mal posicionado e está bem próximo da União Europeia. “O problema é o tamanho do País e a ambição de tentar fazer tudo ao invés de priorizar. Por isso o BNDES escolheu quatro áreas de atuação”, afirma. Outro desafio está no custo em dólar, o que acaba tirando a competitividade dos projetos em comparação a cases internacionais.
Conectividade
Outro ponto abordado foi a conectividade. Por mais que se fale no 5G como tecnologia habilitadora, o ex-secretário lembra que a maioria dos casos de uso hoje precisam da velocidade que o 4G já fornece. “Aplicações comerciais que precisam do 5G ainda são poucas, como no setor da saúde, com cirurgias remotas e que realmente precisam da qualidade do 5G”, diz Gontijo.
Ele explica que projetos de IoT com 5G ainda estão se desenvolvendo e há um tempo de amadurecimento para que a inovação surja a ponto de quebrar o paradigma do 4G. “As aplicações de hoje podem usar o 4G sem problemas.”
Spacca acredita que a questão da conectividade precisa ser avaliada por cada negócio. “Cada tipo de projeto e segmento demanda uma conectividade específica”, diz.
Sobre as operadoras, ele acredita que elas ainda olham para esse mercado de forma tradicional e precisam ser educadas para aproveitar a demanda do IoT. “Algumas já passam a usa a NB-IoT para capturar mais dados”, diz ele. No entanto, a questão é de aprendizado para preparar ofertas para este mercado, como redes Sigfox, LoRaWAN, etc.