Redação – 12.06.2023 – Momento ainda não é de otimismo no setor, já que a queda entre janeiro e maio foi de 2,5%
As vendas da indústria do cimento no mês de maio registraram alta de 1%, comparado com o mesmo período do ano passado. Em termos nominais foram comercializadas 5,6 milhões de toneladas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
Na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em maio 231,7 mil toneladas, uma alta de 3,8% em comparação a abril e de 1,2% em relação a igual período de 2022.
No entanto, no acumulado do ano (jan-maio), as vendas do cimento registraram queda de 2,5%. O alto endividamento e inadimplência das famílias, a taxa de desemprego em patamares ainda elevados, aliado com a lenta recuperação dos salários, agravados pelas incertezas econômicas, continuam a afetar o setor, afirma o SNIC.
Os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando, em virtude da dificuldade no acesso ao crédito, em meio a taxa de juros elevadas, redução de lançamentos e financiamentos imobiliários e as indefinições com relação ao Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Números do setor explicam momento do mercado de cimento
Os lançamentos imobiliários, segundo números da Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC) apontaram queda de 30,2% no primeiro trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado. O recuo foi ainda maior dentro do programa habitacional MCMV, 41,8% menor ante o primeiro trimestre de 2022
As vendas de materiais de construção seguem em retração, reflexo da alta taxa de juros e do baixo poder de compra da população, que tem contraído cada vez mais dívidas. Em 2023, a inadimplência cresce em ritmo mais acelerado nas famílias da classe média, que ganham entre cinco e dez salários mínimos mensais. De janeiro a abril, a fatia de inadimplentes nesse grupo passou de 20,4% para 22,6%, segundo a Confederação Nacional de Comércio (CNC).
Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, os índices de confiança caminham em direções opostas, conforme apontam pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O do consumidor subiu em maio, atingindo o maior nível desde outubro de 2022. A melhora das expectativas para os próximos meses foi disseminada entre as faixas de renda, com exceção das famílias com maior poder aquisitivo que estão mais pessimistas.
O alívio da inflação no curto prazo e o aumento do salário mínimo podem ter influenciado esse otimismo. Porém, o alto endividamento das famílias (48,5%) e o crédito caro ajudam a manter o indicador em patamar baixo e instável.
Já a confiança da construção voltou a oscilar para baixo em maio. O movimento foi generalizado em todos os segmentos, porém mais intenso nas empresas de infraestrutura. Desde outubro do ano passado a confiança tem oscilado entre altos e baixos, reflexo do crédito mais difícil e caro.
Na indústria, a confiança também desacelerou em maio. A menor demanda, juros elevados e a inflação geram maior cautela nos empresários que projetam redução da produção e uma tendência negativa para os próximos meses.
Ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, a construção caiu 0,8% em igual período, resultado da taxa de juro elevada, que ainda desafia o setor e traz reflexos diretos tanto para os financiamentos, quanto para os investimentos produtivos e no consumo da população.