João Monteiro – 15.08.2023 – Operadora de atacado não vê mais vantagem em construir redes próprias, então prefere iluminar faixas livres em cabos já instalados
Faz três anos que a Um Telecom não investe na construção de redes de fibra óptica. “O valor do megabit caiu de R$ 40 para R$ 2 em dez anos. O preço não dá retorno para investir em infraestrutura”, afirma Rui Gomes, CEO da operadora de rede por atacado. Por isso, a empresa tem apostado em parcerias para levar mais conectividade para o Nordeste, principal região de atuação da Um Telecom.
Gomes diz que o foco é encontrar backbones já montados e iluminar faixas livres com tecnologia DWDM, valorizando investimentos já feitos. Foi essa a estratégia adotada no projeto de rede backbone ótica no Maranhão, uma infraestrutura de 1,3 mil quilômetros iluminada pela Um Telecom em julho.
Já são cinco provedores de rede locais conectados ao anel óptico, montado em parceria com outras duas empresas que Gomes diz não poder revelar. Essa rede usou recursos reembolsáveis do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). O mesmo modelo deve ser aplicado em futuros investimentos, com planos para um projeto na Bahia no futuro.
Venda de provedor próprio
A Um Telecom não tem mais um provedor próprio de serviços de Internet. A empresa vendeu, em abril deste ano, a operação da Um Fibra que contava com 6 mil assinantes. Segundo Rui Gomes, CEO da Um Telecom, cada cliente valia R$ 1,5 mil, o que totalizaria uma venda de R$ 9 milhões do provedor. Ele não quis revelar quem comprou a operação.
A venda da Um Fibra veio para a empresa concentrar seus esforços no core da empresa, que são serviços de TI e telecom para o B2B e de rede óptica para ISPs. Desde que foi criada, o provedor trabalhava de forma apartada do resto da corporação e funcionou mais como um aprendizado da Um Telecom sobre o mercado consumidor. Em entrevista ao IPNews em 2022, Gomes já dizia que não tinha ambição de conquistar mais clientes neste negócio.
Estratégia de experimentação
A estratégia de testes que a Um Telecom fez com seu provedor próprio faz parte da cultura da empresa. Este ano, a empresa investiu R$ 2 milhões para a compra da startup PanOps, especializada em desenvolvimento de software com foco em IoT e integração de sistemas. A empresa já agregou sua tecnologia em uma oferta de videomonitoramento com inteligência artificial que a Um Telecom oferece para ISPs revenderem para comerciantes.
Já em 2022, a companhia abriu uma MVNO para oferecer rede móvel diretamente para consumidores finais e através de parcerias com ISPs. Hoje, ela tem 1,5 mil clientes móveis e 5 mil assinantes M2M, mas não conseguiu engrenar a oferta com provedores.
Segundo o CEO, não foi possível criar um modelo viável que atraísse os ISPs. Ele ainda aponta que há entraves no âmbito regulatório para a operação de MVNOs e que o preço do roaming é um impeditivo para ISPs entrarem no segmento móvel. “As próprias operadoras móveis não têm muito interesse nesse negócio porque acaba competindo com elas mesmas”, diz ele.
