Redação – 04.09.2023 – Segundo Ari Lopes, da Omdia, o mercado asiático é o único que tem se permitido inovar usando o potencial do 5G
Durante o 5G Brasil Summit, evento online realizado ontem (30/8) pela consultoria Teleco, Ari Lopes, gerente senior of Service Providers Americas da consultoria Omdia, disse ser surpreendente que ainda não haja nenhuma grande inovação implementada pelo 5G no mercado consumidor da América Latina.
Segundo ele, as operadoras latino-americanas se mostram muito conservadoras em suas ofertas de 5G, sendo que a tecnologia tem sido oferecida apenas como uma atualização do 4G. Parte desse conservadorismo é consequência do momento do mercado regional, que passa por transformações e as operadoras tentam reduzir seus custos.
“As operadoras estão tentando reduzir dívida, como a Telefónica, que está vendendo ativos como torres e data centers”, explica o especialista, que lembra que a operação mexicana da operadora está até devolvendo o espectro – no México, há uma taxa anual de uso da faixa que subiu recentemente.
Outro ponto é uma consolidação de mercado no Brasil, com a saída da Oi Móvel, e os acordos de operadoras para compartilhar infraestrutura na Colômbia. Lopes ainda aponta que os leilões do 5G não atraíram novos entrantes, com exceção do Brasil. Colômbia e Argentina, dois grandes mercados, ainda nem lançaram suas redes 5G.
Falta de inovação
“A rede 5G ainda não trouxe inovação de serviços na região”, afirma Lopes, que também aponta ser cedo para dizer se a qualidade da rede melhorou. Parte da expectativa do mercado com o 5G está nos serviços B2B, mas o especialista diz que os ciclos de desenvolvimento são mais longos nesse segmento, o que deve demorar para apresentar inovação.
Um ponto relevante é que o mercado de telecom dos Estados Unidos também não está inovando, sendo que a estratégia é a mesma do mercado latino-americano. Já na Europa, as iniciativas mais comuns são habilitar serviços como live streaming e mobile gaming.
A vanguarda mesmo está no mercado asiático, onde China, Japão e Coreia do Sul tentam buscar novos caminhos para monetizar o 5G. Uma operadora sul-coreana, por exemplo, desenvolveu seu próprio metaverso, que já conta com 5 milhões de usuários. Lopes não diz que esse é o segredo do sucesso, mas já é uma tentativa para a inovação.