Redação – 27.11.2023 – Engenheiro responsável pelo Antares Polo Aeronáutico explica o que é um laboratório de solo e a importância do controle tecnológico desse processo
A construção de um aeroporto precisa levar em conta diferentes padrões técnicos de engenharia que para garantir sua segurança para pousos e decolagens de aeronaves. Como há muitos custos em um empreendimento desse tipo, é comum que em canteiros de obras de grande porte se tenha o que os engenheiros chamam de laboratório de solo.
“A função principal de um laboratório de solo é fazer o que chamamos de controle tecnológico, que é o que nos fornece informações essenciais para projetos de engenharia, construção civil e obras de infraestrutura”, explica o engenheiro civil Breno Rojas. Segundo ele, esse processo ajuda a garantir a segurança, estabilidade e a durabilidade das estruturas construídas sobre o solo, proporcionando uma base sólida e estável.
O Antares Polo Aeronáutico, que está sendo construído no município de Aparecida de Goiânia (GO), está utilizando o laboratório de solo na construção de seu aeroporto. De acordo com Rojas, por meio do laboratório de solo é possível analisar e testar algumas questões referentes à massa específica, granulometria, sedimentação, plasticidade, compactação, expansibilidade, capacidade de suporte e vários outros aspectos físicos e mecânicos.
“Os resultados desses ensaios auxiliam em decisões importantes sobre a obra. Por meio deles conseguimos, por exemplo, avaliar a capacidade de suporte, ou seja, a condição do solo para suportar cargas impostas por edificações, estradas, pontes, entre outras estruturas. Conseguimos também a Análise da Compressibilidade, que avalia a capacidade deste de sofrer deformações sob cargas constantes. E ainda verificamos o índice de permeabilidade, que é a capacidade do solo de permitir a passagem de água, algo crucial para projetos que envolvem controle de águas subterrâneas”, salienta o engenheiro do Antares Polo Aeronáutico.
Impacto na obra
Como um exemplo bem prático de um ensaio de controle tecnológico, que pode ser feito no laboratório de solo e cujo resultado pode impactar no andamento da obra, Rojas cita a medição do Desvio de Umidade/Grau de Compactação. “Você tem, a título exemplificativo, a realização de um ensaio, cujo os resultados indicaram que a densidade máxima foi atingida com um teor de umidade de 12%. No entanto, na obra, o solo foi compactado com um teor de umidade de apenas 10%. Isso significa que a compactação realizada foi insuficiente, resultando em uma densidade menor do que a ideal.”
Ele diz que se isso não for corrigido, pode comprometer a resistência do solo, colocando em risco a estabilidade da estrutura a ser construída. “Portanto, com base nesse resultado, a equipe de engenheiros e construtores toma medidas corretivas, como uma recompactação do solo com o teor de umidade adequado”, explica o engenheiro civil.
Segundo Breno Rojas, a coordenação e realização dos ensaios e testes num laboratório de solo requer o trabalho de engenheiros especializados em geotecnia de solos, como é o caso do Antares. “Esses profissionais são responsáveis por supervisionar todas as atividades relacionadas aos ensaios e controles tecnológicos de solo. Além disso, o nosso laboratório conta com laboratoristas, técnicos e auxiliares que são treinados para realizar os ensaios de acordo com os padrões e normas técnicas estabelecidas”, afirma o engenheiro.
Ele ainda explica que, com base nos resultados obtidos dos ensaios, são produzidos relatórios que serão analisados pela equipe técnica permitindo recomendações ou ações corretivas específicas para cada evento da obra.
Terraplanagem
O engenheiro explica também que numa obra como a do Antares, a terraplanagem tem uma importância única, que refletirá na segurança das estruturas que serão edificadas no local. “Numa obra de um aeroporto, como o Antares, a fase de terraplanagem é uma etapa crítica, que requer atenção especial devido às exigências específicas associadas à infraestrutura aeroportuária. Por isso é uma fase que demanda mais tempo para conclusão”, esclarece.
Rojas explica ainda que o tempo médio de obra dedicado à terraplanagem pode variar significativamente dependendo do tamanho do sitio aeroportuário, das condições topográficas do terreno e da complexidade do projeto. “Em muitos casos, a terraplanagem pode consumir de 30% a 60% do tempo total da obra”, completa.
O engenheiro afirma que essa atenção especial dada à terraplanagem numa obra aeroportuária é necessária porque é o momento crucial em que se criará uma superfície nivelada e adequada para o deslocamento das aeronaves. “Além disso, a precisão na conformação do terreno é essencial para garantir que o aeroporto atenda aos regulamentos internacionais de segurança operacional”, ressalta.
Peculiaridades
Breno Rojas explica que a obra de um aeroporto, especialmente do porte do Antares que poderá receber operações até de um Boeing 737, possui algumas peculiaridades bem específicas se comparada a outras construções mais comuns, como rodovias e edifícios residenciais.
Um exemplo é o cuidado com a drenagem. “Por serem empreendimentos de grande porte, aeroportos necessitam de grandes áreas para sua implantação. Sendo assim, o sistema de drenagem deve ser altamente eficiente para lidar com grandes volumes de água captados por essas bacias hidrográficas, especialmente durante chuvas intensas”, explica o engenheiro.
Outra peculiaridade citada por Rojas e que deve ser trabalhada na fase de terraplanagem é a capacidade de suporte do solo. “O terreno onde está um aeroporto do porte do Antares terá que suportar o peso e a operação de aeronaves de grande porte. Então, ensaios geotécnicos detalhados são realizados para garantir que o solo alcance a resistência exigida no projeto”, esclarece.
Os aspectos ambientais, numa obra como de um aeroporto, também merecem atenção especial. “Isso se dá, uma vez que é necessário o atendimento de requisitos rigorosos, especialmente em relação ao controle de água e solo, devido ao potencial impacto das operações aeroportuárias”, completa o engenheiro.